A mão que sabe dizer não
é a mesma que nega o pão
aquela que cega o são
e constrói o mundo cão.
A mão que sabe dizer sim
vai ao outro extremo, enfim,
nada é melhor: é chinfrim
edifica um enorme ego em mim
A mão que sabe dizer não,
mas que aprende a dizer sim,
sabe a diferença de cada ação
e a unidade que transforma os fins.
sEvErIAnO
s E v E r I A n O
pOEsIA, UmbAndA, vErsOs, vItAm AEtErnUm, mAcUmbA, sOnhOs, mAndIngA, pOEmEtOs, mIrOngAs, mIcrO-cOntOs, hIstÓrIA, UtOpIAs, AxÉ, mÚsIcAs, mUtEtOs, cArpE dIEm, sArAvÁ A rEvOlUçÃO pOÉtIcO-sOcIAlIstA ...
l I n k s
- A f r O p r E s s
- O b s E r v A t Ó r I O
- cApÃO rEdOndO
- f E r r E Z
- f U t E b O l
- g r A m c I v I v E
- j O r n A l c O r r E I O
- jOrnAl brAsIl dE fAtO
- jOrnAl pOEsIA
- l E m O n d E b r A s I l
- m A r x v I v E
- m É d I c O s
- p A U l O f r E I r E v I v E
- p r O v O c A ç Õ E s
- q U I l O m b h O j E
- s E m - t E r r A
- s I n I s t r A
- s U b U r b I A
- z A p A t I s m O
sOU EU
- sEvErIAnO
- sEvErO, dUrO, brAvO, nEgrO dE mIl mÃOs, mUItOs fAzErEs E pOucOs dIzErEs / prEtO vElhO / e vElhO EdUcAdOr nOvO sEvErIAnO anderson.educ@gmail.com
ESCREVER
Escrever
arde e doura a pena-vida
Onde é
necessário gritar, escrevoNa precisão de desordenar, reescrevo
E já não sou eu mesmo: sou o risco
Rabisco um
poema e assumo o medo
Incorporo as
mudanças e reescrevoEnquanto o mundo ensurdece, escrevo
E giro uma nova história: sou o abismo
Não paro, a poesia não é modismo
Saio de cena e vejo algo incrível,
Nas curvas da caneta se faz o crível
Moldando uma nova topia: sou o signo.
sEvErIAnO
SOLITARIANDANTE
Nasci com uma marca indelével
Não dessas de pele que nos perseguem na multidão
Mas com um ferrolho cravado no coração.
Assim, um anjo torto, zombou meu natal.
Fechado em mim, ostra sem pérola no mundo
Não pude ser amado, trampolim da solidão
Vaguei pelos tablados indo de não em não
Sem sorrisos ao palhaço ou magias transformadoras.
E por aí solitariandante, não pude afagar pés ou mãos
Sem saber se o erro era a tal marca ou meus descaminhos.
sEvErIAnO
Não dessas de pele que nos perseguem na multidão
Mas com um ferrolho cravado no coração.
Assim, um anjo torto, zombou meu natal.
Fechado em mim, ostra sem pérola no mundo
Não pude ser amado, trampolim da solidão
Vaguei pelos tablados indo de não em não
Sem sorrisos ao palhaço ou magias transformadoras.
Nos verões fugia do calor da animosidade alheia
Em tórridos invernos, nem o frio visitava meu chãoE por aí solitariandante, não pude afagar pés ou mãos
Sem saber se o erro era a tal marca ou meus descaminhos.
sEvErIAnO
SABORES
Sorvo da tua boca as palavras
que não são desejos, são sonhos.
Então, cuspo sobre tua língua
uns disparates, maledicências
que se mostram nos teus olhos
revirados à minha presença:
é tua timidez a me guiar.
Janto as palavras da tua boca
estas são saborosas,
melhor: são saborrosas.
E tua boca deságua em mim
tudo que eu queria ouvir
dentro dos teus silêncios.
sEvErIAnO
que não são desejos, são sonhos.
Então, cuspo sobre tua língua
uns disparates, maledicências
que se mostram nos teus olhos
revirados à minha presença:
é tua timidez a me guiar.
Janto as palavras da tua boca
estas são saborosas,
melhor: são saborrosas.
E tua boca deságua em mim
tudo que eu queria ouvir
dentro dos teus silêncios.
sEvErIAnO
RESENHA – GETÚLIO: DOS ANOS DE FORMAÇÃO À CONQUISTA DO PODER (1882-1930) – AUTOR: LIRA NETO
RESENHA – GETÚLIO: DOS ANOS DE FORMAÇÃO À CONQUISTA DO PODER (1882-1930) – AUTOR: LIRA NETO
de Severiano
Difícil recomendar algo diferente de: leia, mas leia logo! Só assim, pode-se definir o novo livro de Lira Neto, a biografia de Getúlio Vargas (Getúlio: dos anos de formação à conquista do poder (1882-1930), Companhia das Letras, 2012).
Mesmo que você não goste do biografado, Lira Neto traz uma leitura que flui em pequenas idas e vindas na história do personagem. Tudo, absolutamente tudo documentado, com pormenores numa prosa um tanto romanceada em algumas pequenas passagens, mas por isso mesmo, acabou tornando a leitura leve, que corre leve e fagueira.
Em muitos momentos, vive-se o getulismo de uma maneira tão vívida que podemos sentir os momentos tensos de busca pelo poder, que se transmite da prosa ao leitor. Em outros, a lividez e os cuidados com a atmosfera fazem o leitor refletir sobre os porquês de determinadas ações que culminam no Brasil atual.
Sair direto do poder, no centro do Rio de Janeiro, Capital Federal, em 1931 e irmos nos embrenhando na infância, juventude e adultez de um ser complexo como Getúlio é obra para ser escrita por quem domina não só o biografado, mas os contornos que constroem o getulismo. Neste caminho, Lira Neto vai levando o leitor num carrear que ora faz sofrer, ora faz não crer, mas que se percebe as muitas nuances de uma personagem dura desde sempre.
Este é somente o primeiro volume de uma série de três, mas que, apesar de ser o biografado único, vê-se que os volumes falam por si, respondem em suas trajetórias um começo, meio e fim, que parecem se tornar independentes. Sendo assim, dá pra dizer que temos uma biografia, não dividida em três partes, mas uma tribiografia.
Desta vez, a Companhia das Letras acertou em cheio, em todos os aspectos: tem um livro digno de ser observado, cuidou muito bem da sua composição, sem erros ortográficos (como tem sido comum a muitas editoras em grandes tiragens), capa e contracapa bem feitas, fotos com todas as fontes, notas cuidadas, índice remissivo integrado. Talvez um prefácio de um historiador pudesse fazer um contraponto importante, mas mesmo assim fica difícil tecer críticas negativas a este trabalho, que de orelha a orelha faz-nos compreender a tônica de poder que constituiu anos inicias da República e que, desta forma, ainda hoje são marcantes, porque atualíssimas.
Leia, mas leia logo!
sEvErIAnO
CASO
Vazo
no caso
do acaso.
Raso,
me faço
e passo
ao largo
do paço.
Repasso
à carga
do vaso:
desfaço
e caso
ao acaso
do caso-
descaso.
sEvErIAnO
no caso
do acaso.
Raso,
me faço
e passo
ao largo
do paço.
Repasso
à carga
do vaso:
desfaço
e caso
ao acaso
do caso-
descaso.
sEvErIAnO
POEMETO
Posso escrever todas versos possíveis,
quantas rimas em verbos ou adjetivos,
mas todos, todos seriam infalíveis:
trariam sempre tua companhia consigo.
Meiga, doce, afável.
Da prosa leve,
do ar sempre amável.
Leve, sublime,
dona das palavras
claras e íngremes.
Ou seria um poema sem valor
eu diria: um poemeto.
sEvErIAnO
quantas rimas em verbos ou adjetivos,
mas todos, todos seriam infalíveis:
trariam sempre tua companhia consigo.
Meiga, doce, afável.
Da prosa leve,
do ar sempre amável.
Leve, sublime,
dona das palavras
claras e íngremes.
Ou seria um poema sem valor
eu diria: um poemeto.
sEvErIAnO
COMUNGANDO
Permitam-me
falar de todos assuntos ao mesmo tempo
e neste momento de nenhum, nada.
Consequência da absurda modernidade:
de informações mil e in-formação zero
Numa velocidade viril, sem esmero,
vamos comogado as certezas alheias
Engolindo a coca-cola do nosso jornalismo
Comendo bundas-peitos duma novela qualquer
Aceitando na nossa mesa o lixo urbano Global
Mentiras fúteis de um mundo morto e banal.
sEvErIAnO
falar de todos assuntos ao mesmo tempo
e neste momento de nenhum, nada.
Consequência da absurda modernidade:
de informações mil e in-formação zero
Numa velocidade viril, sem esmero,
vamos comogado as certezas alheias
Engolindo a coca-cola do nosso jornalismo
Comendo bundas-peitos duma novela qualquer
Aceitando na nossa mesa o lixo urbano Global
Mentiras fúteis de um mundo morto e banal.
sEvErIAnO
LUTA QUILOMBOLA
Na escura cidade noturna
Olhos esvaem seu negrume
Buscando retomar a procura
De mitos e velhos costumes
Reescrevem os ritos quilombolas
Teimando unir-mãos na luta
Num tempo que não se renova
E traz, em si, vagas escusas
Ao termo, rompe a coragem!
E se a cor age em claro-escuro
É que o mundo é sem paragem:
Jamais desistir, nosso orgulho.
sEvErIAnO
Em tempo: com o poeminha, acima este velho poeta retoma este blog e suas publicações com constância. Agradeço muito o apoio e os pedidos de retomada, que faço com prazer no antigo desejo de estarmos unidos pela poesia. Ah, não publicarei mais com as alternâncias entre vogais (maiúsculas) e consoantes (minúsculas) para facilitar a leitura e o acesso.
Muito obrigados a todos. Axé!
Olhos esvaem seu negrume
Buscando retomar a procura
De mitos e velhos costumes
Reescrevem os ritos quilombolas
Teimando unir-mãos na luta
Num tempo que não se renova
E traz, em si, vagas escusas
Ao termo, rompe a coragem!
E se a cor age em claro-escuro
É que o mundo é sem paragem:
Jamais desistir, nosso orgulho.
sEvErIAnO
Em tempo: com o poeminha, acima este velho poeta retoma este blog e suas publicações com constância. Agradeço muito o apoio e os pedidos de retomada, que faço com prazer no antigo desejo de estarmos unidos pela poesia. Ah, não publicarei mais com as alternâncias entre vogais (maiúsculas) e consoantes (minúsculas) para facilitar a leitura e o acesso.
Muito obrigados a todos. Axé!
mInhA mOrtE chEgA
EstÁ chEgAndO O dIA dO mEU sUIcÍdIO
UmA mOrtE sEmprE cAI bEm A Um ImbEcIl
nÃO sE hÁ dE sAbEr dE tAl bEn-mAl-EfÍcIO
nEm prEcIsÃO dE sEntIr As dOrEs dO mEU AtO vIl
cAlEm-sE Os sUrdOs E OUçAm Os rOUcOs
cAnsEI dEssE mUndO dE mErdA, EssA frAqUEzA
mInhA, fAz sEntIr, Os tEmpOs, qUE AOs pOUcOs,
EngOlE, tUA bUrrIcE Em tOdAs ÀqUElAs cErtEzAs
vOcê nÃO hÁ, pArA sAbEr dOs mEUs mOnstrOs
sOU pAssAdO, mOrtO dUm tÉdIO sEnsAtO
qUE AcAbOU cOm As IdEOlOgIAs E sOnhOs
nUmA cOrdA nO mEU pEscOçO: EIs O fAtO!
sEvErIAnO
UmA mOrtE sEmprE cAI bEm A Um ImbEcIl
nÃO sE hÁ dE sAbEr dE tAl bEn-mAl-EfÍcIO
nEm prEcIsÃO dE sEntIr As dOrEs dO mEU AtO vIl
cAlEm-sE Os sUrdOs E OUçAm Os rOUcOs
cAnsEI dEssE mUndO dE mErdA, EssA frAqUEzA
mInhA, fAz sEntIr, Os tEmpOs, qUE AOs pOUcOs,
EngOlE, tUA bUrrIcE Em tOdAs ÀqUElAs cErtEzAs
vOcê nÃO hÁ, pArA sAbEr dOs mEUs mOnstrOs
sOU pAssAdO, mOrtO dUm tÉdIO sEnsAtO
qUE AcAbOU cOm As IdEOlOgIAs E sOnhOs
nUmA cOrdA nO mEU pEscOçO: EIs O fAtO!
sEvErIAnO
A trAbAlhOsA pOEsIA grItAntE
O grAfItE EstAlA E sE qUEbrA,
bOrrAndO A grOssA pOEsIA.
pArO, E qUEbrO mInhA EscrItA,
rEcOmEçO, AgOrA cOm A cAnEtA...
mAs A tIntA jÁ nÃO É A mEsmA
tEm O rIscO frÁgIl E fAlhO.
pArO, cOmO É chAtA A vIdA
E lArgO, pErdI mEU dEstInO.
E ErA Um pOEmA tÃO fEstIvO!
tUdO bEm, nÃO qUErO AcEssÓrIOs,
O qUE vIEr dE dEntrO rEcItO.
O qUE É IssO, mEnInO? EstÁ lOUcO?
nOvOs ImpEcIlhOs IntErrOmpEm
E cEssAm A vOz qUAsE fAlIdA:
qUEm mAndOU A pOEsIA sEr Um grItO.
sEvErIAnO
bOrrAndO A grOssA pOEsIA.
pArO, E qUEbrO mInhA EscrItA,
rEcOmEçO, AgOrA cOm A cAnEtA...
mAs A tIntA jÁ nÃO É A mEsmA
tEm O rIscO frÁgIl E fAlhO.
pArO, cOmO É chAtA A vIdA
E lArgO, pErdI mEU dEstInO.
E ErA Um pOEmA tÃO fEstIvO!
tUdO bEm, nÃO qUErO AcEssÓrIOs,
O qUE vIEr dE dEntrO rEcItO.
O qUE É IssO, mEnInO? EstÁ lOUcO?
nOvOs ImpEcIlhOs IntErrOmpEm
E cEssAm A vOz qUAsE fAlIdA:
qUEm mAndOU A pOEsIA sEr Um grItO.
sEvErIAnO
qUIlOmbOs
qUIlOmbOlA EU sOU
..................... nEgrO-rEI
qUIlOmbIcEs tEnhO
..................... nEgrO mE sEI
qUIlOmbAndO vIvO
..................... nEgrO nA tEz
qUIlOmbEIrO pOEtA
..................... nEgrAltIvEz.
sEvErIAnO
..................... nEgrO-rEI
qUIlOmbIcEs tEnhO
..................... nEgrO mE sEI
qUIlOmbAndO vIvO
..................... nEgrO nA tEz
qUIlOmbEIrO pOEtA
..................... nEgrAltIvEz.
sEvErIAnO
sOnEtO A mInhA nAmOrAdA
EU sOU O EtErnO nAmOrAdO dA pOEsIA
A AmO cOm mInhA EnErgIA EsgOtAdA
pOr nÃO tEr fOrçA dE grItAr sUA grAndE IrA
E jAmAIs hAvErÁ sOprO AlgUm qUE tE trAgA.
nUncA A EncOntrO nUm bElO cOrpO fEItO A fÉ
nEm dEsvEndO sEUs trAçOs sEm OUtrA qUAlqUEr
dEsAvEnçA qUE pErtEnçA A EstA EstrAnhA qUE És
nUm mUndO OndE EU tE AmO, tU mE AmAs, mE qUEr.
AtrOzmEntE mE dIzIAs AngÚstIAs prEsEntEs
fUtUrEscOs AmOrEs qUE trOcAvAs pOr dOrEs
AgOrA rEstOU Em tI ApEnAs mEU AmOr pErEnE
fUI EU qUE trOUxE A tI E mOstrEI-O AUsEntE
dA mEmÓrIA dOs pOdrEs E frAcOs sEnhOrEs
Oh AmAdA pOEsIA, mE AmE nO AmOr mAIs qUEntE.
sEvErIAnO
A AmO cOm mInhA EnErgIA EsgOtAdA
pOr nÃO tEr fOrçA dE grItAr sUA grAndE IrA
E jAmAIs hAvErÁ sOprO AlgUm qUE tE trAgA.
nUncA A EncOntrO nUm bElO cOrpO fEItO A fÉ
nEm dEsvEndO sEUs trAçOs sEm OUtrA qUAlqUEr
dEsAvEnçA qUE pErtEnçA A EstA EstrAnhA qUE És
nUm mUndO OndE EU tE AmO, tU mE AmAs, mE qUEr.
AtrOzmEntE mE dIzIAs AngÚstIAs prEsEntEs
fUtUrEscOs AmOrEs qUE trOcAvAs pOr dOrEs
AgOrA rEstOU Em tI ApEnAs mEU AmOr pErEnE
fUI EU qUE trOUxE A tI E mOstrEI-O AUsEntE
dA mEmÓrIA dOs pOdrEs E frAcOs sEnhOrEs
Oh AmAdA pOEsIA, mE AmE nO AmOr mAIs qUEntE.
sEvErIAnO
sOnEtO dE zUmbI dOs pAlmArEs
tOd’UmA fOrçA sE trAdUz nA nOItE
E Um rEI crê nO sEU UnÍvOcO pOvO.
AO sOl Um grItO dE pOntA dE fOIcE
cAlA A vIdA E cAI nOItE dE nOvO.
dAndArA jÁ vAI lOngE dE mÃOs dAdAs
AtrÁs Os pEqUEnInOs cAntAm fOlhAs
E Os pÁssArOs tOdOs nUmA rEvOAdA
cOlOrEm O cAmInhO dE sUA EscOlhA.
Os IrmÃOs rEUnIdOs nUmA cApOEIrA
cAntAm A OxAlÁ A bEnçÃO dE cImA
E O rEI pEdE dE fOrmA dErrAdEIrA
qUE IrmÃOs E IrmÃs sIgAm dUrA sInA,
jUntAndO UmA cUltUrA vErdAdEIrA
prA qUE nOssA fOrçA sEjA dIvInA.
sEvErIAnO
E Um rEI crê nO sEU UnÍvOcO pOvO.
AO sOl Um grItO dE pOntA dE fOIcE
cAlA A vIdA E cAI nOItE dE nOvO.
dAndArA jÁ vAI lOngE dE mÃOs dAdAs
AtrÁs Os pEqUEnInOs cAntAm fOlhAs
E Os pÁssArOs tOdOs nUmA rEvOAdA
cOlOrEm O cAmInhO dE sUA EscOlhA.
Os IrmÃOs rEUnIdOs nUmA cApOEIrA
cAntAm A OxAlÁ A bEnçÃO dE cImA
E O rEI pEdE dE fOrmA dErrAdEIrA
qUE IrmÃOs E IrmÃs sIgAm dUrA sInA,
jUntAndO UmA cUltUrA vErdAdEIrA
prA qUE nOssA fOrçA sEjA dIvInA.
sEvErIAnO
ExpErImEntE O mEdO
ExpErImEntE O mEdO
dE sE pErdEr Em brAçOs AlhEIOs
EntrEgAndO sUA vIdA A OUtrO,
cUmprIndO rItOs dE sUbmIssÃO
dOs vElhOs sAcErdÓcIOs hUmAnOs
EntrE cOmbInAçÕEs dE cOrpOs
dE bEIjOs, pÉs, mÃOs E AmAvIOs
dEIxAndO EntrE-OlhArEs tEUs sEIOs
ExpErImEntE A vIdA
qUE tE dIz bAIxInhO: vAI, sÊ plEnA!
vEndA tEU cOrpO, tAmbÉm tUA AlmA
mElhOr dÊ, dÊ tUdO qUE pOdEs
qUE dEvEs, pErdEndO sUA sEgUrAnçA
nUm rIsO qUE sUcUmbE O pAssAdO
E dEsdObrA O fUtUrO Em IncErtEzAs
dE qUE A pElE Em tOqUEs sE cOntEntA
ExpErImEntE O dEsEjO
A brIsA bAtEndO fOrtE nA sUA frOntE
O cAlOr dE OUtrEm tE dEsEjAndO
O cOrAçÃO pUlsAndO bOcA-AfOrA
É AssIm qUE sE sOrrI nO mUndO
dE lIbErdAdE Em lIbErdAdE sE fAz
A pAz qUE prEcIsA rEInAr EntrE nÓs
nUmA hIstÓrIA qUE pOr sI sE cOntE.
sEvErIAnO
dE sE pErdEr Em brAçOs AlhEIOs
EntrEgAndO sUA vIdA A OUtrO,
cUmprIndO rItOs dE sUbmIssÃO
dOs vElhOs sAcErdÓcIOs hUmAnOs
EntrE cOmbInAçÕEs dE cOrpOs
dE bEIjOs, pÉs, mÃOs E AmAvIOs
dEIxAndO EntrE-OlhArEs tEUs sEIOs
ExpErImEntE A vIdA
qUE tE dIz bAIxInhO: vAI, sÊ plEnA!
vEndA tEU cOrpO, tAmbÉm tUA AlmA
mElhOr dÊ, dÊ tUdO qUE pOdEs
qUE dEvEs, pErdEndO sUA sEgUrAnçA
nUm rIsO qUE sUcUmbE O pAssAdO
E dEsdObrA O fUtUrO Em IncErtEzAs
dE qUE A pElE Em tOqUEs sE cOntEntA
ExpErImEntE O dEsEjO
A brIsA bAtEndO fOrtE nA sUA frOntE
O cAlOr dE OUtrEm tE dEsEjAndO
O cOrAçÃO pUlsAndO bOcA-AfOrA
É AssIm qUE sE sOrrI nO mUndO
dE lIbErdAdE Em lIbErdAdE sE fAz
A pAz qUE prEcIsA rEInAr EntrE nÓs
nUmA hIstÓrIA qUE pOr sI sE cOntE.
sEvErIAnO
OUtUbrO AmArgO
É O mÊs Em qUE Os ImbEcIs lAmbEm O chÃO
AlgUns dIAs AntEs dA dAtA fInAl sAbErÃO
qUE sE pErdE tEU mUndO A Um mUndO-cÃO
É O mÊs Em qUE sE sAbE, nÃO tErmInA
Em qUE, dEvE-sE cUmprIr A tUA sInA
EsdrÚxUlA Em qUE O AmOr sE cOnsIgnA
É A vIdA qUE sE EsvAI Em rUbrOs dEdOs
E qUAndO sE dEscObrE pErdEU O sEgrEdO
sEntIndO nO tEU cOlO O mAIs gÉlIdO mEdO
É A dEprEssÃO qUE InvAdE nOvAs gUErrAs
Um chOrO IncOntIdO qUE A vIstA lhE cEgA
E Um hOmEm mOrrE sOzInhO, sE EntrEgA
É O cOrAçÃO qUE lhE dIz tUAs vErdAdEs
“tU, ImbEcIl, tEm qUE sOfrEr A mAldAdE!”
E tE EnfIAm pElA gOElA sUA tEnrA lEAldAdE
É A rAzÃO qUE tE dÁ A sEntEnçA: cAdEIA!
fIqUE prEsO nEstA tErrA qUE lhE cEntEIA
O cErtO É sEr ErrAdO nA vIdA qUE tE vAgUEIA
É O cOrpO dE mAcbEth nA sUA frEntE A cUspIr
O sAngUE dE sUAs vÍscErAs E o olho A lUzIr
Um sOnhO dE AmOr qUE nUncA IrÁ sE rEpEtIr.
sEvErIAnO
AlgUns dIAs AntEs dA dAtA fInAl sAbErÃO
qUE sE pErdE tEU mUndO A Um mUndO-cÃO
É O mÊs Em qUE sE sAbE, nÃO tErmInA
Em qUE, dEvE-sE cUmprIr A tUA sInA
EsdrÚxUlA Em qUE O AmOr sE cOnsIgnA
É A vIdA qUE sE EsvAI Em rUbrOs dEdOs
E qUAndO sE dEscObrE pErdEU O sEgrEdO
sEntIndO nO tEU cOlO O mAIs gÉlIdO mEdO
É A dEprEssÃO qUE InvAdE nOvAs gUErrAs
Um chOrO IncOntIdO qUE A vIstA lhE cEgA
E Um hOmEm mOrrE sOzInhO, sE EntrEgA
É O cOrAçÃO qUE lhE dIz tUAs vErdAdEs
“tU, ImbEcIl, tEm qUE sOfrEr A mAldAdE!”
E tE EnfIAm pElA gOElA sUA tEnrA lEAldAdE
É A rAzÃO qUE tE dÁ A sEntEnçA: cAdEIA!
fIqUE prEsO nEstA tErrA qUE lhE cEntEIA
O cErtO É sEr ErrAdO nA vIdA qUE tE vAgUEIA
É O cOrpO dE mAcbEth nA sUA frEntE A cUspIr
O sAngUE dE sUAs vÍscErAs E o olho A lUzIr
Um sOnhO dE AmOr qUE nUncA IrÁ sE rEpEtIr.
sEvErIAnO
m U n d O s
mEU mUndO nO sEU
sObrE chÃOs dE EncAntOs
pOr tErrAs dAntEs pIsAdAs,
tE dOU As mÃOs E mE lEvAntO
E vAmOs sEmprE dE mÃOs dAdAs.
sEU mUndO nO mEU
nUmA lUtA IncEssAntE...
EntrE OlhArEs qUE nOs jUlgAm
hOjE nÃO É O mEsmO qUE AntEs
E sAbEmOs, Os tEmpOs mUdAm
EntrE nÓs, nUncA A sÓs
mE dIvIdO nOs tEUs tEsOUrOs
As pOrtAs AbErtAs A Um dEstInO
qUE qUErO pOr vAlEr OUrO:
cAdA pAssO dO sEU cAmInhO
dEsAtEmOs Os nOssOs nÓs
há A pOssIbIlIdAdE dE UnIr,
dOIs Em Um, nUm sÓ plAnO.
As lUtAs mAIs dUrAs EstÃO pOr vIr
E O mEdO, EnfIm, É ApEnAs EngAnO.
sEvErIAnO
sObrE chÃOs dE EncAntOs
pOr tErrAs dAntEs pIsAdAs,
tE dOU As mÃOs E mE lEvAntO
E vAmOs sEmprE dE mÃOs dAdAs.
sEU mUndO nO mEU
nUmA lUtA IncEssAntE...
EntrE OlhArEs qUE nOs jUlgAm
hOjE nÃO É O mEsmO qUE AntEs
E sAbEmOs, Os tEmpOs mUdAm
EntrE nÓs, nUncA A sÓs
mE dIvIdO nOs tEUs tEsOUrOs
As pOrtAs AbErtAs A Um dEstInO
qUE qUErO pOr vAlEr OUrO:
cAdA pAssO dO sEU cAmInhO
dEsAtEmOs Os nOssOs nÓs
há A pOssIbIlIdAdE dE UnIr,
dOIs Em Um, nUm sÓ plAnO.
As lUtAs mAIs dUrAs EstÃO pOr vIr
E O mEdO, EnfIm, É ApEnAs EngAnO.
sEvErIAnO
nÃO hÁ mEdO!
É prEcIsO AndAr dE EncOntrO AO mUndO
mEsmO qUAndO EstE pEsA E rEcAI nOs OmbrOs.
nEcEssÁrIO AdqUIrIr A lEvEzA crIstAlInA dOs sOnhOs
sEm, cOntUdO, ImpOr-lhE nOssOs dOgmAs InsAnOs
Ah, vIvEr dÁ Um frIO EnOrmE nA bArrIgA...
dEssEs bOns dE sEntIr nUm bEIjO dE prIncEsA
nUm AbrAçO dE crIAnçA nO fInAl dUm EntArdEcEr.
pOrÉm, tItUbEAmOs: E O qUE vÃO pEnsAr dA gEntE?!?
EsqUEçA-Os, nÃO vAcIlE, sOrrIA, qUEbrE A cArA UmA vEz!
sE dIzIA: cUspA AO cÉU prA lAmbEr nA tEstA,
sÓ AssIm É pOssÍvEl sEr fElIz, OU O cOntrÁrIO,
jÁ qUE A EnErgIA sÓ ExIstE nOEncOntrO dOs OpOstOs.
ErrE AcErtAndO O AlvO mAIs dEsEjAdO nO mOmEntO
AlÍAs, dEsEjO, tEsÃO, pAIxÃO, vOntAdE, sÃO dIvInOs,
ImpOssÍvEl fIAr A vIdA Às lAmÚrIAs, AOs ArrEpEndImEntOs.
ArrIsqUE, pUlE dE Um prÉdIO E tEnhA cErtEzA qUE nA qUEdA
AlgUÉm qUEr AgArrAr tUA AlmA, cAptUrAr tEUs sEntIdOs.
GrItE, qUE IssO pErtEncE AOs dEUsEs: O cÉU É bArUlhO sÓ!
nO InfErnO rEInA O sIlêncIO dAs mEntIrAs, mUrmÚrIO dAs fArsAs.
cOUbE AOs hOmEns lImItAr A vIdA E A ArtE
cEIfAr A fElIcIdAdE mÚtUA dOs EspÍrItOs.
AO rOmpEr cOm O AmOr, crIOU gUErrAs,
O 11 dE sEtEmbrO, A prOstItUIçÃO ,A IgnOrÂncIA,
A sOrdIdEz, A fOmE. EstA É A lEI dOs hOmEns!
qUE sUbvErtE A AmIzAdE prA crIAr A mEntIrA...
qUAndO O AmOr trAz rUbOr AOs rOstOs mAIs lIndOs
dÁ-mE A vErdAdE qUE nAscE nO sEU sOrrIsO, És lUz!
E sUA IntEIrEzA EntrEgA A Um hOmEm E A UmA mUlhEr
A pOssIbIlIdAdE dE jUntOs mUdArEm A hIstÓrIA dO UnIvErsO!
sEvErIAnO
mEsmO qUAndO EstE pEsA E rEcAI nOs OmbrOs.
nEcEssÁrIO AdqUIrIr A lEvEzA crIstAlInA dOs sOnhOs
sEm, cOntUdO, ImpOr-lhE nOssOs dOgmAs InsAnOs
Ah, vIvEr dÁ Um frIO EnOrmE nA bArrIgA...
dEssEs bOns dE sEntIr nUm bEIjO dE prIncEsA
nUm AbrAçO dE crIAnçA nO fInAl dUm EntArdEcEr.
pOrÉm, tItUbEAmOs: E O qUE vÃO pEnsAr dA gEntE?!?
EsqUEçA-Os, nÃO vAcIlE, sOrrIA, qUEbrE A cArA UmA vEz!
sE dIzIA: cUspA AO cÉU prA lAmbEr nA tEstA,
sÓ AssIm É pOssÍvEl sEr fElIz, OU O cOntrÁrIO,
jÁ qUE A EnErgIA sÓ ExIstE nOEncOntrO dOs OpOstOs.
ErrE AcErtAndO O AlvO mAIs dEsEjAdO nO mOmEntO
AlÍAs, dEsEjO, tEsÃO, pAIxÃO, vOntAdE, sÃO dIvInOs,
ImpOssÍvEl fIAr A vIdA Às lAmÚrIAs, AOs ArrEpEndImEntOs.
ArrIsqUE, pUlE dE Um prÉdIO E tEnhA cErtEzA qUE nA qUEdA
AlgUÉm qUEr AgArrAr tUA AlmA, cAptUrAr tEUs sEntIdOs.
GrItE, qUE IssO pErtEncE AOs dEUsEs: O cÉU É bArUlhO sÓ!
nO InfErnO rEInA O sIlêncIO dAs mEntIrAs, mUrmÚrIO dAs fArsAs.
cOUbE AOs hOmEns lImItAr A vIdA E A ArtE
cEIfAr A fElIcIdAdE mÚtUA dOs EspÍrItOs.
AO rOmpEr cOm O AmOr, crIOU gUErrAs,
O 11 dE sEtEmbrO, A prOstItUIçÃO ,A IgnOrÂncIA,
A sOrdIdEz, A fOmE. EstA É A lEI dOs hOmEns!
qUE sUbvErtE A AmIzAdE prA crIAr A mEntIrA...
qUAndO O AmOr trAz rUbOr AOs rOstOs mAIs lIndOs
dÁ-mE A vErdAdE qUE nAscE nO sEU sOrrIsO, És lUz!
E sUA IntEIrEzA EntrEgA A Um hOmEm E A UmA mUlhEr
A pOssIbIlIdAdE dE jUntOs mUdArEm A hIstÓrIA dO UnIvErsO!
sEvErIAnO
EstrElA dOUrAdA
bAIlA cOm O vEntO E tE vEjO
sObErbA nO cÉU Em qUE tE cOnhEcI
E jÁ nÃO sÃO sÓ tEUs OlhOs qUE dEsEjO,
dEsdE A chUvA Em qUE Um dIA mE pErdI
OU mElhOr, EncOntrEI A pAz EsqUEcIdA
O brIlhO dE UmA EstrElA cIngIndO
Um pEItO-cOrAçÃO A lAdrAr sEm IrAs
O tOm dE Um AmOr sE cOnstrUIndO.
É A mOntAnhA qUE mE trAz mEdO!
tEUs mIstÉrIOs pErcOrrEm tEU cOrpO,
lOUcUrA mAcIA qUE tEcE sEgrEdOs
cAbEndO A tênUE tArEfA dE vEr AbsOrtO
A tUA bOcA trAzEr hIstÓrIAs dE pOvOs AntIgOs
nUm cOtIdIAnO qUE jÁ nÃO É tÃO fÁcIl
sÓ tUAs pAlAvrAs AmEnIzAm E dÃO-mE AbrIgO,
trAnsfOrmAm mInhAs dUrEzAs Em AlgO frÁgIl.
tE qUErO nAs nOItEs dOs mEUs AstrOs
AfInAl, EstrElA, qUE Em mIm sEjA cAdEntE
vÁ dEIxAndO pElA hIstÓrIA tEUs rAstrOs,
sEjA Em mEUs brAçOs UmA pAz nAscEntE.
nÃO mUdE sEUs mUndOs, sEjA InfAntIl
dEsIstA dA crEscEr, nÃO pErcA sEU sOrrIsO.
ErrEI AO tOrnAr-mE Um AdUltO dUrO E sEnIl,
qUErO AprEndEr cOntIgO A pErdEr mEUs jUÍzOs
EntrEgUE tEUs OlhOs À pAIxÃO dE sEr AmAdA
cOntIgO EntrE mInhAs mÃOs, ExIstE fElIcIdAdE,
OndE mE cOntE O qUE prEcIsO, EstrElA dOUrAdA,
prA tE cOnqUIstAr sEm mEdO E sEm mAldAdE.
sEvErIAnO
sObErbA nO cÉU Em qUE tE cOnhEcI
E jÁ nÃO sÃO sÓ tEUs OlhOs qUE dEsEjO,
dEsdE A chUvA Em qUE Um dIA mE pErdI
OU mElhOr, EncOntrEI A pAz EsqUEcIdA
O brIlhO dE UmA EstrElA cIngIndO
Um pEItO-cOrAçÃO A lAdrAr sEm IrAs
O tOm dE Um AmOr sE cOnstrUIndO.
É A mOntAnhA qUE mE trAz mEdO!
tEUs mIstÉrIOs pErcOrrEm tEU cOrpO,
lOUcUrA mAcIA qUE tEcE sEgrEdOs
cAbEndO A tênUE tArEfA dE vEr AbsOrtO
A tUA bOcA trAzEr hIstÓrIAs dE pOvOs AntIgOs
nUm cOtIdIAnO qUE jÁ nÃO É tÃO fÁcIl
sÓ tUAs pAlAvrAs AmEnIzAm E dÃO-mE AbrIgO,
trAnsfOrmAm mInhAs dUrEzAs Em AlgO frÁgIl.
tE qUErO nAs nOItEs dOs mEUs AstrOs
AfInAl, EstrElA, qUE Em mIm sEjA cAdEntE
vÁ dEIxAndO pElA hIstÓrIA tEUs rAstrOs,
sEjA Em mEUs brAçOs UmA pAz nAscEntE.
nÃO mUdE sEUs mUndOs, sEjA InfAntIl
dEsIstA dA crEscEr, nÃO pErcA sEU sOrrIsO.
ErrEI AO tOrnAr-mE Um AdUltO dUrO E sEnIl,
qUErO AprEndEr cOntIgO A pErdEr mEUs jUÍzOs
EntrEgUE tEUs OlhOs À pAIxÃO dE sEr AmAdA
cOntIgO EntrE mInhAs mÃOs, ExIstE fElIcIdAdE,
OndE mE cOntE O qUE prEcIsO, EstrElA dOUrAdA,
prA tE cOnqUIstAr sEm mEdO E sEm mAldAdE.
sEvErIAnO
IdIOtIcEs
hÁ mOmEntOs dE sEntIr IdIOtIcEs
EspEcIAlmEntE qUAndO sE AmA
E O cOrAçÃO dIspArA AO sImplEs AbrAçO
Ah, tEmpOs dE AdOlEscÊncIA mAldItA
qUE nOs rOndA E qUE nOs InflAmA.
pOrÉm A mAIs dUrA mElAncOlIA
rEgrEssA qUAndO cAEm Os mUrOs
qUAndO sE pErcEbE qUE nAdA tÊm:
nEm A AmAdA, nEm Um mUndO jUstO
E qUAndO sE vÊ, pErdEU-sE O rUmO
vOltA-sE À dIstÂncIA prUdEntE
lOngE dOs mEdOs, dOs frIOs cOtIdIAnOs,
dOs AssOmbrOs qUE nÃO pErmItE AvAnçOs
dIAs sEgUrOs, cAlmOs, lOngE dE sOlAvAncOs
dIstAntE dE dOrEs qUE AtInjAm Os mErIdIAnOs
qUE AngUstIAntE fOrmA dE sEntImEntO,
dAs sOtUrnAs nOItEs dUm fIm dE sEmAnA
lOngO, lOngO, lOngO dE hOrAs dUrAs
cOm UmA sOfrÍvEl pErdA dOs sEntIdOs
AO sE ArrIscAr Um sOnhO Em qUE sE AmA
AO sE tEr nAs mÃOs, nUm AbrAçO...
A EspErAnçA dE UmA vIdA IntEIrA
O chEIrO dOs cAmpOs EntrE cAbElOs,
mAs, AO tOqUE dE sUA pElE, tÊnUE sEdA,
ArrAsO mInhAs chAncEs dErrAdEIrAs.
sEvErIAnO
EspEcIAlmEntE qUAndO sE AmA
E O cOrAçÃO dIspArA AO sImplEs AbrAçO
Ah, tEmpOs dE AdOlEscÊncIA mAldItA
qUE nOs rOndA E qUE nOs InflAmA.
pOrÉm A mAIs dUrA mElAncOlIA
rEgrEssA qUAndO cAEm Os mUrOs
qUAndO sE pErcEbE qUE nAdA tÊm:
nEm A AmAdA, nEm Um mUndO jUstO
E qUAndO sE vÊ, pErdEU-sE O rUmO
vOltA-sE À dIstÂncIA prUdEntE
lOngE dOs mEdOs, dOs frIOs cOtIdIAnOs,
dOs AssOmbrOs qUE nÃO pErmItE AvAnçOs
dIAs sEgUrOs, cAlmOs, lOngE dE sOlAvAncOs
dIstAntE dE dOrEs qUE AtInjAm Os mErIdIAnOs
qUE AngUstIAntE fOrmA dE sEntImEntO,
dAs sOtUrnAs nOItEs dUm fIm dE sEmAnA
lOngO, lOngO, lOngO dE hOrAs dUrAs
cOm UmA sOfrÍvEl pErdA dOs sEntIdOs
AO sE ArrIscAr Um sOnhO Em qUE sE AmA
AO sE tEr nAs mÃOs, nUm AbrAçO...
A EspErAnçA dE UmA vIdA IntEIrA
O chEIrO dOs cAmpOs EntrE cAbElOs,
mAs, AO tOqUE dE sUA pElE, tÊnUE sEdA,
ArrAsO mInhAs chAncEs dErrAdEIrAs.
sEvErIAnO
cOmplIcAçÕEs
sOU mUItO cOmplIcAdO
nAscI prA vIvEr sOzInhO
mInhA nAtUrEzA É A mOrtE
EntrE fUmAçAs d’chArUtOs
mErgUlhO lIvrOs AdEntrO
nUmA dEprEssÃO prOfUndA
nÃO hÁ mÃOs A ApArAr
sOnhOs A fEnEcEr mEU rIsO
A mOrtE mE rOndA, rOndA...
OlhA: OntEm fOI dIA dE fEstA
E qUEm sOU EU, pErdIdO
EntrE rIsOs dE crIAnçAs
ElEvO mEUs tOrmEntOs À tOnA
dUm mUndO rIdÍcUlO.
O qUE hÁ dE ErrAdO nO AmOr?
sOU nAdA, crIvAdO dA ImbEcIlIdAdE
qUE cOnstrUO A cAdA dIA Em mIm.
TAcItUrnO, sIlEncIO A AlEgrIA
nAlgUns mOmEntOs rIO dO mEU AzAr
dA ImpOssIbIlIdAdE dE sEr sÓ. sÓ!
dUns dIAs Em qUE O frIO mE cOmE
dUmAs nOItEs Em qUE O sOnO fOgE.
sEvErIAnO
nAscI prA vIvEr sOzInhO
mInhA nAtUrEzA É A mOrtE
EntrE fUmAçAs d’chArUtOs
mErgUlhO lIvrOs AdEntrO
nUmA dEprEssÃO prOfUndA
nÃO hÁ mÃOs A ApArAr
sOnhOs A fEnEcEr mEU rIsO
A mOrtE mE rOndA, rOndA...
OlhA: OntEm fOI dIA dE fEstA
E qUEm sOU EU, pErdIdO
EntrE rIsOs dE crIAnçAs
ElEvO mEUs tOrmEntOs À tOnA
dUm mUndO rIdÍcUlO.
O qUE hÁ dE ErrAdO nO AmOr?
sOU nAdA, crIvAdO dA ImbEcIlIdAdE
qUE cOnstrUO A cAdA dIA Em mIm.
TAcItUrnO, sIlEncIO A AlEgrIA
nAlgUns mOmEntOs rIO dO mEU AzAr
dA ImpOssIbIlIdAdE dE sEr sÓ. sÓ!
dUns dIAs Em qUE O frIO mE cOmE
dUmAs nOItEs Em qUE O sOnO fOgE.
sEvErIAnO
Os OlhOs dIssErAm mAIs qUE pAlAvrAs
dE sÚbItO pAssEI A lOUcO.
nO vAI E vEm dE sEUs dOmÍnIOs
rEzEI mAIs Um tAntO, Um pOUcO.
E jÁ prEssIntO O trÁgIcO dEstInO.
EsqUEcI O qUE EstEvE Em jOgO
E rEcEbI O qUE ErA tEU. Em trOcA
dE qUAlqUEr Um qUE fIqUE cOnOscO,
EntOrnO, pOr vEzEs Em vOltA.
lEntAmEntE, EscrEvI E dIssE
mAIs qUE dOIs OlhOs nEgrOs.
ArdUAmEntE fAlEI E mE pErdI
Em sEUs lÁbIOs EsprEItOs.
O qUE pOssO dIzEr pErAntE
tAmAnhO OlhAr dE bElEzA,
nEssE mOmEntO, nO InstAntE
Em qUE pErcO A dEstrEzA.
sEvErIAnO
nO vAI E vEm dE sEUs dOmÍnIOs
rEzEI mAIs Um tAntO, Um pOUcO.
E jÁ prEssIntO O trÁgIcO dEstInO.
EsqUEcI O qUE EstEvE Em jOgO
E rEcEbI O qUE ErA tEU. Em trOcA
dE qUAlqUEr Um qUE fIqUE cOnOscO,
EntOrnO, pOr vEzEs Em vOltA.
lEntAmEntE, EscrEvI E dIssE
mAIs qUE dOIs OlhOs nEgrOs.
ArdUAmEntE fAlEI E mE pErdI
Em sEUs lÁbIOs EsprEItOs.
O qUE pOssO dIzEr pErAntE
tAmAnhO OlhAr dE bElEzA,
nEssE mOmEntO, nO InstAntE
Em qUE pErcO A dEstrEzA.
sEvErIAnO
dOcE sEtEmbrO
NAscE sEtEmbrO
nO mÊs grEgO dA fArtUrA dO cÉU
brOtAm As prImAvErIs IdÉIAs dO tEmpO
dE UmA mEIgA vOntAdE IndA vívIdA.
Ah, dEscObrIr O nÉctAr dO sOnhO
OUvIr sUAs hIstÓrIAs, As mAIs ArAbEscAs
AO tOcAr Um rOstO qUE sE rUbOrIzA.
DOcE sEtEmbrO
dUm tEmpO OndE O mEdO É prEsEntE
sOmEntE A sImplIcIdAdE prOdUz-lhE sAbOr.
SIm, vIvEr É jOgAr pEdrAs AO vEntO,
sAbOrEAr O gOstO dAs frUtAs mAIs AmArgAs
É, sEm dÚvIdA, rOUbAr-lhE Um bEIjO dOcE
E nElE sEntIr O ArOmA dA chUvA nA tErrA.
sEvErIAnO
nO mÊs grEgO dA fArtUrA dO cÉU
brOtAm As prImAvErIs IdÉIAs dO tEmpO
dE UmA mEIgA vOntAdE IndA vívIdA.
Ah, dEscObrIr O nÉctAr dO sOnhO
OUvIr sUAs hIstÓrIAs, As mAIs ArAbEscAs
AO tOcAr Um rOstO qUE sE rUbOrIzA.
DOcE sEtEmbrO
dUm tEmpO OndE O mEdO É prEsEntE
sOmEntE A sImplIcIdAdE prOdUz-lhE sAbOr.
SIm, vIvEr É jOgAr pEdrAs AO vEntO,
sAbOrEAr O gOstO dAs frUtAs mAIs AmArgAs
É, sEm dÚvIdA, rOUbAr-lhE Um bEIjO dOcE
E nElE sEntIr O ArOmA dA chUvA nA tErrA.
sEvErIAnO
pOEIrA, pEdrAs E Um dEtAlhE
nÃO É vErdAdE nAdA dAqUIlO
E hÁ pElA nOssA EstrAdA: pEdrAs.
pEdrAs grAndEs, pEqUEnAs qUEdAs.
ApEnAs pEdrAs E mAIs pEdrAs.
É mEntIrA sIm, tUdO AqUIlO
E hÁ pElO cAmInhO: pOEIrA.
pOEIrA E pEdrAs. É sÓ Um vErsO
mAs nÃO EnxErgO nAdA: trOpEçO.
cAIO, lEvAntO, lEvAntO E cAIO.
dE prOpÓsItO mAtO A fOrmIgA.
Ah vIdA dUrA, mElhOr A mOrtE;
trOpEçO E nÃO lEvAntO: nÃO sOU fOrtE.
lEvAntO, vOltO E lEvAntO.
Ops! nEm pOEIrA, sEm pEdrA.
Um vEntO InvAdE A sInA
lEvAndO mInhAs fOrmIgAs.
sEvErIAnO
E hÁ pElA nOssA EstrAdA: pEdrAs.
pEdrAs grAndEs, pEqUEnAs qUEdAs.
ApEnAs pEdrAs E mAIs pEdrAs.
É mEntIrA sIm, tUdO AqUIlO
E hÁ pElO cAmInhO: pOEIrA.
pOEIrA E pEdrAs. É sÓ Um vErsO
mAs nÃO EnxErgO nAdA: trOpEçO.
cAIO, lEvAntO, lEvAntO E cAIO.
dE prOpÓsItO mAtO A fOrmIgA.
Ah vIdA dUrA, mElhOr A mOrtE;
trOpEçO E nÃO lEvAntO: nÃO sOU fOrtE.
lEvAntO, vOltO E lEvAntO.
Ops! nEm pOEIrA, sEm pEdrA.
Um vEntO InvAdE A sInA
lEvAndO mInhAs fOrmIgAs.
sEvErIAnO
O AmOr É cOmO O vEntO
O AmOr É cOmO O vEntO
dIz sEmprE Um AmIgO prEtO
vElhO cOmpAnhEIrO dE tEmpOs
Em qUE O ÓdIO crEscE sEm frEIOs
ElE qUE sEmprE rEtOrnA nAs brIsAs,
sUmÁrIO dUmA vIdA IntEIrA qUE pAssA
nUmA tOrmEntA qUE nEm sE AvIstA
E chEgA fAzEndO pEqUEnAs dEvAssAs
nÃO mAndA AvIsOs, nEm rEcAdOs
O AmOr EstÁ Em tOdOs Os pOrOs
ExAlA Os sOnhOs mAIs AbstrAtOs
A vErtEr mEUs sEntIdOs Em tEUs OlhOs
EIs qUE fInAlmEntE A chUvA cAI
tArdIAmEntE É O vEntO qUE nOs EnvOlvE
sUAs mEnsAgEns Em vÔOs sE EsvAEm
E tEnhO tEU AmOr, cOnstrUÍdO sEm mOldEs
sEvErIAnO
dIz sEmprE Um AmIgO prEtO
vElhO cOmpAnhEIrO dE tEmpOs
Em qUE O ÓdIO crEscE sEm frEIOs
ElE qUE sEmprE rEtOrnA nAs brIsAs,
sUmÁrIO dUmA vIdA IntEIrA qUE pAssA
nUmA tOrmEntA qUE nEm sE AvIstA
E chEgA fAzEndO pEqUEnAs dEvAssAs
nÃO mAndA AvIsOs, nEm rEcAdOs
O AmOr EstÁ Em tOdOs Os pOrOs
ExAlA Os sOnhOs mAIs AbstrAtOs
A vErtEr mEUs sEntIdOs Em tEUs OlhOs
EIs qUE fInAlmEntE A chUvA cAI
tArdIAmEntE É O vEntO qUE nOs EnvOlvE
sUAs mEnsAgEns Em vÔOs sE EsvAEm
E tEnhO tEU AmOr, cOnstrUÍdO sEm mOldEs
sEvErIAnO
QUEIXO-ME POR
Queixo-me por
Assistir todos os dias à imposição subliminar da televisão, através de novelas e programas inúteis para a população brasileira, que por acaso são os pés e as mãos de “senhores de engenho” dos tempos modernos.
Queixo-me por
Saber o quanto a educação fundamental e principalmente a superior estão sucateadas em meu estado e país, insultando e ferindo nossa dignidade e direito côo cidadãos brasileiros.
Queixo-me por
A cada dia que passa, muitos brasileiros, e boa parte deles jovens, tentam buscar na literatura e nos estudos em geral conhecimento para ser alguém na vida e verificar que todo esse esforço pode plenamente ser considerado zero à esquerda.
Queixo-me por
Fazer parte de uma nação apática, que não sai às ruas para protestar e reivindicar seus direitos estabelecidos por lei. Que agradece a deus pela política do pão e circo. E muitas vezes em sua história, mesmo sem um líder na presidência, continua a achar que está tudo certo!
Queixo-me por
Assistir diariamente à morte na nossa cultura, se é que a temos, e à redenção aos “homens bons”, que escravizam nossa sofrida população, que, apesar de suas dívidas diárias, ainda pagam a pequenina dívida externa, aos que querem recolonizar com seus megapower sonhos nacionalistas.
Queixo-me por
Crer que todos sabem de tudo isso e continuam a respirar normalmente, dormem e acordam normalmente, como se fosse bem normal.
Queixo-me por
não ter a quem me queixar, pois sou mais um pacato cidadão e não faço diferença alguma, apenas uma estatística. E poderia dizer as palavras mais sábias e belas do mundo, mas não posso fazê-lo devido à inexorável lei da escolaridade, que muitas vezes nos torna nulos e sem a honrosa repercussão.
Queixo-me
Por fim, caro amigo, por ser um indigente qualquer e não acreditar que minhas respostas possam ser lidas e muito menos publicadas.
Essa é a minha queixa. Mas, por ser brasileiro, não devo desistir nunca (rs, rs, rs = risos)
Texto de Régis Peixoto Silva, 17 anos, nascido em 1987 em Vitória, Espírito Santo. Estudante do Colégio Luís de Camões, faz supletivo à noite e pré-vestibular de manhã (vai tentar cursar Direito).
Publicado na Revista Caros Amigos de junho de 2005.
Assistir todos os dias à imposição subliminar da televisão, através de novelas e programas inúteis para a população brasileira, que por acaso são os pés e as mãos de “senhores de engenho” dos tempos modernos.
Queixo-me por
Saber o quanto a educação fundamental e principalmente a superior estão sucateadas em meu estado e país, insultando e ferindo nossa dignidade e direito côo cidadãos brasileiros.
Queixo-me por
A cada dia que passa, muitos brasileiros, e boa parte deles jovens, tentam buscar na literatura e nos estudos em geral conhecimento para ser alguém na vida e verificar que todo esse esforço pode plenamente ser considerado zero à esquerda.
Queixo-me por
Fazer parte de uma nação apática, que não sai às ruas para protestar e reivindicar seus direitos estabelecidos por lei. Que agradece a deus pela política do pão e circo. E muitas vezes em sua história, mesmo sem um líder na presidência, continua a achar que está tudo certo!
Queixo-me por
Assistir diariamente à morte na nossa cultura, se é que a temos, e à redenção aos “homens bons”, que escravizam nossa sofrida população, que, apesar de suas dívidas diárias, ainda pagam a pequenina dívida externa, aos que querem recolonizar com seus megapower sonhos nacionalistas.
Queixo-me por
Crer que todos sabem de tudo isso e continuam a respirar normalmente, dormem e acordam normalmente, como se fosse bem normal.
Queixo-me por
não ter a quem me queixar, pois sou mais um pacato cidadão e não faço diferença alguma, apenas uma estatística. E poderia dizer as palavras mais sábias e belas do mundo, mas não posso fazê-lo devido à inexorável lei da escolaridade, que muitas vezes nos torna nulos e sem a honrosa repercussão.
Queixo-me
Por fim, caro amigo, por ser um indigente qualquer e não acreditar que minhas respostas possam ser lidas e muito menos publicadas.
Essa é a minha queixa. Mas, por ser brasileiro, não devo desistir nunca (rs, rs, rs = risos)
Texto de Régis Peixoto Silva, 17 anos, nascido em 1987 em Vitória, Espírito Santo. Estudante do Colégio Luís de Camões, faz supletivo à noite e pré-vestibular de manhã (vai tentar cursar Direito).
Publicado na Revista Caros Amigos de junho de 2005.
sOl lUcEt OmnIbUs
A lUIs gAmA, EtErnO
Os pOEtAs sÃO lEmbrAdOs
pOstUmAmEntE.
fAtO, qUAndO têm vIdA
sEU trAbAlhO sE cOnstIpA,
mAs sE dAdOs cOmO mOrtOs
sUA ObrA trEspAssA OrtOs.
sOU pOEtA, EstOU pArA sEmprE.
sEvErIAnO
Os pOEtAs sÃO lEmbrAdOs
pOstUmAmEntE.
fAtO, qUAndO têm vIdA
sEU trAbAlhO sE cOnstIpA,
mAs sE dAdOs cOmO mOrtOs
sUA ObrA trEspAssA OrtOs.
sOU pOEtA, EstOU pArA sEmprE.
sEvErIAnO
pOEtA E pOEtIsA
prImEIrO tErmO
O pOEtA É O sInÔnImO
dA trIstE trIstEzA.
EscrEvE E OlhA pElA jAnElA,
vê O mUndO cOmO hOmÔnImO.
fAcEIrAmEntE rAbIscA
E AtIçA As rOdAs dO EntrEtEnImEntO.
As fOlhAs IntEIrIçAs;
tAntO rAbIscO qUE nEm EU mEsmO EntEndO.
sEvErIAnO
O pOEtA É O sInÔnImO
dA trIstE trIstEzA.
EscrEvE E OlhA pElA jAnElA,
vê O mUndO cOmO hOmÔnImO.
fAcEIrAmEntE rAbIscA
E AtIçA As rOdAs dO EntrEtEnImEntO.
As fOlhAs IntEIrIçAs;
tAntO rAbIscO qUE nEm EU mEsmO EntEndO.
sEvErIAnO
pOEtA e pOEtIzA
sEgUndO tErmO
O pOEtA InsErE tOdA dOr dE Um prAntO,
nUm gOlE IncEssAntE dE lOUcO sUIcÍdIO.
E nÃO AtrEvE-sE A pEnsAr nUm EspAntO
dE sUAs pAlAvrAs qUE sOAm cOmO vÍcIO.
ApEnAs chOrA A dOr EsqUEcIdA dO AmOr
IndA rEnEgAdO qUE O clAmA E O rEjEItA.
sEndO AssIm, tAl mAnEIrA sE dEsfAz fErvOr
dE Um pAssArInhO cAntAndO nA sArjEtA.
sEvErIAnO
O pOEtA InsErE tOdA dOr dE Um prAntO,
nUm gOlE IncEssAntE dE lOUcO sUIcÍdIO.
E nÃO AtrEvE-sE A pEnsAr nUm EspAntO
dE sUAs pAlAvrAs qUE sOAm cOmO vÍcIO.
ApEnAs chOrA A dOr EsqUEcIdA dO AmOr
IndA rEnEgAdO qUE O clAmA E O rEjEItA.
sEndO AssIm, tAl mAnEIrA sE dEsfAz fErvOr
dE Um pAssArInhO cAntAndO nA sArjEtA.
sEvErIAnO
pOEtA E pOEtIsA
tErcEIrO tErmO
pOr qUAl fAvOr cAlArAm
Os pOEtAs dIAntE A ArtE?
sErIAm hOmEns qUE EscAlArAm
O rEInO dIAbÓlIcO, sEm AlArdE?
sÓ EU sEI qUEm O fOrA...
nUm dEclÍnIO dEsvEndArAm-mE
As sUbIdAs dAs gAngOrrAs
qUE As dEscIdAs ApAzIgUAm-sE
A prOfAnAr pElA vOz cInzA,
qUE Os pOEtAs pErfUmAm Os vErsOs
nUm cIO pArIdO dO InfErnO:
“cOnhEcErAm pÁgInAs sEm lInhAs”.
sEvErIAnO
pOr qUAl fAvOr cAlArAm
Os pOEtAs dIAntE A ArtE?
sErIAm hOmEns qUE EscAlArAm
O rEInO dIAbÓlIcO, sEm AlArdE?
sÓ EU sEI qUEm O fOrA...
nUm dEclÍnIO dEsvEndArAm-mE
As sUbIdAs dAs gAngOrrAs
qUE As dEscIdAs ApAzIgUAm-sE
A prOfAnAr pElA vOz cInzA,
qUE Os pOEtAs pErfUmAm Os vErsOs
nUm cIO pArIdO dO InfErnO:
“cOnhEcErAm pÁgInAs sEm lInhAs”.
sEvErIAnO
n j I l A
rOdA dE cOngAdO
E nOssO mUndO A pAssAr.
gIrA dE AngOlA
tErrAs dO lAdO dE lÁ.
gIrAmUndO dE pUnhOs
rOdA-rOndA tUA gArrA:
IÁ-Ô!
IbÁ dE cOntAdO,
prEsOs nUncA pOdEm rOdAr.
OrIxÁ mE IncOrpOrA
trAzEndO A gIrA prA cÁ.
Um sEr fAz-sE mAlUngO
gIrA E InIcIA A fArrA.
sEvErIAnO
E nOssO mUndO A pAssAr.
gIrA dE AngOlA
tErrAs dO lAdO dE lÁ.
gIrAmUndO dE pUnhOs
rOdA-rOndA tUA gArrA:
IÁ-Ô!
IbÁ dE cOntAdO,
prEsOs nUncA pOdEm rOdAr.
OrIxÁ mE IncOrpOrA
trAzEndO A gIrA prA cÁ.
Um sEr fAz-sE mAlUngO
gIrA E InIcIA A fArrA.
sEvErIAnO
dE sÚbItO pAssEI A lOUcO.
nO vAI E vEm dE sEUs dOmínIOs
rEzEI mAIs Um tAntO, Um pOUcO.
E jÁ prEssIntO O trÁgIcO dEstInO.
EsqUEcI O qUE EstEvE Em jOgO
E rEcEbI O qUE ErA tEU, Em trOcA
dE qUAlqUEr Um qUE fIqUE cOnOscO,
EntOrnO, pOr vEzEs Em vOltA.
lEntAmEntE, EscrEvI E dIssE
mAIs qUE dOIs OlhOs nEgrOs.
ArdUAmEntE fAlEI E mE pErdI
Em sEUs lÁbIOs EsprEItOs.
O qUE pOssO dIzEr pErAntE
tAmAnhO OlhAr dE bElEzA,
nEssE mOmEntO, nO InstAntE
Em qUE pErcO A dEstrEzA.
sEvErIAnO
nO vAI E vEm dE sEUs dOmínIOs
rEzEI mAIs Um tAntO, Um pOUcO.
E jÁ prEssIntO O trÁgIcO dEstInO.
EsqUEcI O qUE EstEvE Em jOgO
E rEcEbI O qUE ErA tEU, Em trOcA
dE qUAlqUEr Um qUE fIqUE cOnOscO,
EntOrnO, pOr vEzEs Em vOltA.
lEntAmEntE, EscrEvI E dIssE
mAIs qUE dOIs OlhOs nEgrOs.
ArdUAmEntE fAlEI E mE pErdI
Em sEUs lÁbIOs EsprEItOs.
O qUE pOssO dIzEr pErAntE
tAmAnhO OlhAr dE bElEzA,
nEssE mOmEntO, nO InstAntE
Em qUE pErcO A dEstrEzA.
sEvErIAnO
Ser negro no Brasil é, pois, com freqüência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver “subido na vida”.
Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) nem preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil.
Mestre Milton Santos, jornal Folha de São Paulo em 07/maio/2000.
Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) nem preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil.
Mestre Milton Santos, jornal Folha de São Paulo em 07/maio/2000.
SOU NEGRO
A Dione Silva
Sou Negro
meus avós foram queimados pelo sol da África
minh'alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gonguês e agogôs
Contaram-me que meus avós vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.
Depois meu avô brigou
como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu o pau comeu
Não foi um pai João humilde e manso
Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês ela se destacou
Na minh'alma ficou o samba
o batuque o bamboleio
e o desejo de libertação...
do eterno Poeta Solano Trindade
A Dione Silva
Sou Negro
meus avós foram queimados pelo sol da África
minh'alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gonguês e agogôs
Contaram-me que meus avós vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.
Depois meu avô brigou
como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu o pau comeu
Não foi um pai João humilde e manso
Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês ela se destacou
Na minh'alma ficou o samba
o batuque o bamboleio
e o desejo de libertação...
do eterno Poeta Solano Trindade
tEU cOrpO, rEgAdO A AzEItE E pOEsIA
trAz A dImEnsÃO dO mAr mEdItErrÂnEO
nO EIxO ExAtO E qUAsE mOmEntÂnEO
dA cOmprEEnsÃO dA nOssA UnIcIdAdE
tAlvEz O mIstÉrIO dEfInIssE mElhOr
As cUrvAs IncErtAs dA tUA mEmÓrIA
OndE sE AprEndE dE fOrmA sImplÓrIA
As mAIs dIfÍcEIs mElOdIAs dO OcEAnO
nÃO mAIs cOmplExO É O mUndO
dE rElEvOs tArdIOs E dIAs tEnEbrOsOs
AlÉm dOs mArEs brAvIOs E EscAbrOsOs
qUE mE AtOrmEntAm EntrE sEU cOrpO
AssIm tOmO Um gOlE dO sEU bEIjO
bEbO tUAs AgrUrAs, tEU dOEntIO mEdO
dE pErdEr mEU nOmE EntrE sEIxOs
nA prAIA EntrE O jOrdÃO E sEU mOntE
.................cOm A prAIA dE pEdrA AO sUl...
sEvErIAnO
trAz A dImEnsÃO dO mAr mEdItErrÂnEO
nO EIxO ExAtO E qUAsE mOmEntÂnEO
dA cOmprEEnsÃO dA nOssA UnIcIdAdE
tAlvEz O mIstÉrIO dEfInIssE mElhOr
As cUrvAs IncErtAs dA tUA mEmÓrIA
OndE sE AprEndE dE fOrmA sImplÓrIA
As mAIs dIfÍcEIs mElOdIAs dO OcEAnO
nÃO mAIs cOmplExO É O mUndO
dE rElEvOs tArdIOs E dIAs tEnEbrOsOs
AlÉm dOs mArEs brAvIOs E EscAbrOsOs
qUE mE AtOrmEntAm EntrE sEU cOrpO
AssIm tOmO Um gOlE dO sEU bEIjO
bEbO tUAs AgrUrAs, tEU dOEntIO mEdO
dE pErdEr mEU nOmE EntrE sEIxOs
nA prAIA EntrE O jOrdÃO E sEU mOntE
.................cOm A prAIA dE pEdrA AO sUl...
sEvErIAnO
AzUl nUm fUndO dE tElA
nAdA mAIs sImplEs qUE A vIdA
A brOtAr dE grÃOs AO vEntO
qUAndO vEjO É sIm, ElA
qUE vEm AO mEU EncOntrO
qUAndO O chÃO É fOlgUEdO
dUm AmArElO qUE rElUz OUrO
rOdOpIA, gIrA E mE dEIxA tOntO
sE AprOxImA E mE EsqUEntA
tEUs OlhOs AbrAçAm mEU cOrpO
dEIxA Em mIm O qUE tE ArdE
cOm tEU chEIrO mAr E pImEntA
E tE prEndO EntrE mInhAs pErnAs
O mUndO trEpIdA O mEdO dE tI
sOmOs Um sÓ nEstE mOmEntO
Em qUE A vIdA É UmA EspErA!
sEvErIAnO
nAdA mAIs sImplEs qUE A vIdA
A brOtAr dE grÃOs AO vEntO
qUAndO vEjO É sIm, ElA
qUE vEm AO mEU EncOntrO
qUAndO O chÃO É fOlgUEdO
dUm AmArElO qUE rElUz OUrO
rOdOpIA, gIrA E mE dEIxA tOntO
sE AprOxImA E mE EsqUEntA
tEUs OlhOs AbrAçAm mEU cOrpO
dEIxA Em mIm O qUE tE ArdE
cOm tEU chEIrO mAr E pImEntA
E tE prEndO EntrE mInhAs pErnAs
O mUndO trEpIdA O mEdO dE tI
sOmOs Um sÓ nEstE mOmEntO
Em qUE A vIdA É UmA EspErA!
sEvErIAnO
A pErfEIçÃO dE Um trImEstrE
dEsdE Um bEIjO fUrtIvO mOvEndO UmA rUA
AtÉ vIAjArmOs nAs lOngAs EstrAdAs pAUlIstAs,
vIvEncIAmOs UmA EtErnIdAdE dE sOnhOs
OrA mAl dOrmIdOs nUm mIcrO-cOsmO
EnfIAdOs nUm qUArtO, Em sAcOs dE dOrmIr,
AltO dUm EdIfÍcIO dE ArqUItEtUrA cUrvIlÍnEA
nA mEtrópOlE cOm sEU fUtUrO sOmbrIO
qUAndO O tEmpO cOrrE mAIs qUE A lUz
E EstE nÃO É mAIs qUE O dEvIr dO AmOr,
qUAndO ApAgAmOs As lUzEs, já nÃO nOs tEmOs
sEvErIAnO
dEsdE Um bEIjO fUrtIvO mOvEndO UmA rUA
AtÉ vIAjArmOs nAs lOngAs EstrAdAs pAUlIstAs,
vIvEncIAmOs UmA EtErnIdAdE dE sOnhOs
OrA mAl dOrmIdOs nUm mIcrO-cOsmO
EnfIAdOs nUm qUArtO, Em sAcOs dE dOrmIr,
AltO dUm EdIfÍcIO dE ArqUItEtUrA cUrvIlÍnEA
nA mEtrópOlE cOm sEU fUtUrO sOmbrIO
qUAndO O tEmpO cOrrE mAIs qUE A lUz
E EstE nÃO É mAIs qUE O dEvIr dO AmOr,
qUAndO ApAgAmOs As lUzEs, já nÃO nOs tEmOs
sEvErIAnO
cArrEgO nA gArgAntA AlgUns mAlEs
..........OndE dIzEr nÃO fAlO
..............................EngUlO
..............................sEcO
..............................mEUs pEsArEs
E dIzEm qUE sOU qUIEtO, sOtUrnO
..........qUE rEsErvO dOEnçAs grAvEs
..........qUE nIngUÉm dEscOnfIA
..........mAs qUE sÃO rEstOs dO mUndO
O qUE nIngUÉm dIz É Um cAlA-bOcA
..........OndE mEUs EsfOrçOs tErmInAIs
..........OndE mEUs lAbIrIntOs dEprEssIvOs
..........rEtÉm mInhA fOrçA jÁ pOUcA
rEsmUngO cOm OlhOs dE cÂncEr
.........O qUE nÃO qUErO vEr
..............................E OlhO
..............................AbsOrtO
..............................mEU mOrrEr
sEvErIAnO
..........OndE dIzEr nÃO fAlO
..............................EngUlO
..............................sEcO
..............................mEUs pEsArEs
E dIzEm qUE sOU qUIEtO, sOtUrnO
..........qUE rEsErvO dOEnçAs grAvEs
..........qUE nIngUÉm dEscOnfIA
..........mAs qUE sÃO rEstOs dO mUndO
O qUE nIngUÉm dIz É Um cAlA-bOcA
..........OndE mEUs EsfOrçOs tErmInAIs
..........OndE mEUs lAbIrIntOs dEprEssIvOs
..........rEtÉm mInhA fOrçA jÁ pOUcA
rEsmUngO cOm OlhOs dE cÂncEr
.........O qUE nÃO qUErO vEr
..............................E OlhO
..............................AbsOrtO
..............................mEU mOrrEr
sEvErIAnO
A pOrtA frOntEIrA dA mInhA cAsA
............fEchAdA, lImItA mEU cAsUlO
............cErrA Um qUArtO pErdIdO E vAgO
............OndE As cAmAs sÃO mInhA rEtAgUArdA.
sAIO, EsprEItO O cÉU nU EsplÊndIdO
............AbErtO, mE pErcO nA sUA ImEnsIdÃO
............cAIO, EntrEtAntOs, nIngUÉm tEm sOlIdÃO
............mOmEntânEA, pErcO dE vEz Os sEntIdOs.
pErAmbUlO nUmA cIdAdE sEm frOntEIrA
............qUAndO As cArAs sÃO As mEsmAs
............frOntEs qUE nÃO mOstrAm sUAs rUsgAs
............nUm cAmInhO qUE cOndUz À mInhA EIrA
EncOntrO A mInhA frOntEIrA nA tEvÊ
............mOstrAndO As dEsgrAçAs dUm mUndO cÃO
............bAtEndO nA mInhA cArA, mE vOmItAndO
............Os lImItEs qUE Os hOmEns nÃO qUErEm vEr.
sEvErIAnO
............fEchAdA, lImItA mEU cAsUlO
............cErrA Um qUArtO pErdIdO E vAgO
............OndE As cAmAs sÃO mInhA rEtAgUArdA.
sAIO, EsprEItO O cÉU nU EsplÊndIdO
............AbErtO, mE pErcO nA sUA ImEnsIdÃO
............cAIO, EntrEtAntOs, nIngUÉm tEm sOlIdÃO
............mOmEntânEA, pErcO dE vEz Os sEntIdOs.
pErAmbUlO nUmA cIdAdE sEm frOntEIrA
............qUAndO As cArAs sÃO As mEsmAs
............frOntEs qUE nÃO mOstrAm sUAs rUsgAs
............nUm cAmInhO qUE cOndUz À mInhA EIrA
EncOntrO A mInhA frOntEIrA nA tEvÊ
............mOstrAndO As dEsgrAçAs dUm mUndO cÃO
............bAtEndO nA mInhA cArA, mE vOmItAndO
............Os lImItEs qUE Os hOmEns nÃO qUErEm vEr.
sEvErIAnO
mEU AmOr, EU tE OdEIO.
dOs tEUs lIndOs AmAvIOs
sÓ cOlhI mEUs AnsEIOs
E mEntI, cUrvEI mEUs prAntOs
prA tE AmAr sEm rEcEIO.
EU AmAdOr, fUI AmAdOr,
mOlEstEI mEUs dEsEjOs
E sEndO tÃO chAgOsO,
qUE tOrnEI-mE tEU mEdO.
cUnhEI tEU nOmE nA rOchA
pArA Um dIA lOgO cEdO
AdOrmEcEr nOs brAçOs
dE qUEm lhE tEm sEgrEdO,
sAbEndO tUAs vErdAdEs
E dO tEU cÁlIdO pEItO.
cOnhEcE bEm mEU rEAl
AmOr fOrmAdO Em sEIxO,
sUrjA cOmIgO IncOnhA,
sUAvE, sUgIrA Um bEIjO,
Um chÁ-dA-mEIA-nOItE.
mAtA-mE nOs tEUs sEIOs,
tE vEjO, nUA, A fUgIr.
mEU AmOr, EU tE OdEIO.
sEvErIAnO
dOs tEUs lIndOs AmAvIOs
sÓ cOlhI mEUs AnsEIOs
E mEntI, cUrvEI mEUs prAntOs
prA tE AmAr sEm rEcEIO.
EU AmAdOr, fUI AmAdOr,
mOlEstEI mEUs dEsEjOs
E sEndO tÃO chAgOsO,
qUE tOrnEI-mE tEU mEdO.
cUnhEI tEU nOmE nA rOchA
pArA Um dIA lOgO cEdO
AdOrmEcEr nOs brAçOs
dE qUEm lhE tEm sEgrEdO,
sAbEndO tUAs vErdAdEs
E dO tEU cÁlIdO pEItO.
cOnhEcE bEm mEU rEAl
AmOr fOrmAdO Em sEIxO,
sUrjA cOmIgO IncOnhA,
sUAvE, sUgIrA Um bEIjO,
Um chÁ-dA-mEIA-nOItE.
mAtA-mE nOs tEUs sEIOs,
tE vEjO, nUA, A fUgIr.
mEU AmOr, EU tE OdEIO.
sEvErIAnO
ElA
I
mE AchA tÃO bÁrbArO
crê nA fOrçA IsOlAdA dEntrO dE sI
gOstO, gOstO mUItO dE pEnsAr Em tI.
ApOstO qUE gOstA dE fAlAr cOmIgO,
pOrÉm, nÃO fIz tEAtrO, nEm mE IlUdI
sÓ crIEI Um mUndO
OndE vOcê fEz pArtE E
EstEvE Em mEUs brAçOs
dIssE qUE mE AmAvA
E nO fUndO mE dEtEstAvA
EU pOdIA lhE IndAgAr
(OU EntÃO cOntIgO EstAr)
cAdA pAlAvrA sUA
cAdA gEstO sEU mE
hIpnOtIzAvA.
nAqUElE dIA
EscrEvI nO chÃO dA rUA
qUE lhE OdIAvA
mAs mEntI A mIm mEsmO
nÃO cOnsIgO tE EsqUEcEr
AchO qUE jÁ EsqUEcI
dE EsqUEcEr
vOcê.
II
brAncA, lEvEmEntE tOcAdA pElO sOl,
O prÓprIO sOl, EvItA, nÃO gOstA
prEfErE A lUz dA lUA,
À nOItE pArEcE mIstErIOsA.
cAbElOs nEgrOs, lOngOs, brIlhAntEs
cOm O pAssAr dO tEmpO, mAIs lIndOs
bOchEchAs rÓsEAs, mAcIAs, fElpUdAs.
lÁbIOs fIrmEs, frIOs, AvErmElhAdOs.
dEssEs lÁbIOs EscUtO pAlAvrAs
qUE sUAvEmEntE EstÃO mE tOcAndO
mÃOs frIAs, fEIAs AtÉ, sÃO Um gElO.
E nÃO sUpOrtA qUE lhE tOqUEm O cAbElO.
EU nÃO tE AbrAçO, EU nÃO EncOstO
sOU sUspEItO Em dIzEr O qUE pEnsO
A rEspEItO, pOIs AIndA A AmO
E nEm sEI O qUE EstÁs A pEnsAr
sÓ qUErO dIzEr qUE fAçO qUEstÃO,
nÃO sÓ fAçO qUEstÃO, cOmO ExIjO:
AqUElE sOrrIsO...
Oh, AqUElE sOrrIsO!
EspErO qUE nUncA sE ApAgUE,
É pOr ElE qUE vIvO,
É pOr ElE qUE mE InspIrO.
sE prA tEr sEU sOrrIsO
qUIsErEs sOrrIr dA mInhA mOrtE:
EstOU AqUI, cOrtO mEUs pUlsOs,
fUrO mEU cOrAçÃO,
rAsgO mEU pEItO.
mOrrO.
pOr sEU sOrrIsO.
sEvErIAnO
I
mE AchA tÃO bÁrbArO
crê nA fOrçA IsOlAdA dEntrO dE sI
gOstO, gOstO mUItO dE pEnsAr Em tI.
ApOstO qUE gOstA dE fAlAr cOmIgO,
pOrÉm, nÃO fIz tEAtrO, nEm mE IlUdI
sÓ crIEI Um mUndO
OndE vOcê fEz pArtE E
EstEvE Em mEUs brAçOs
dIssE qUE mE AmAvA
E nO fUndO mE dEtEstAvA
EU pOdIA lhE IndAgAr
(OU EntÃO cOntIgO EstAr)
cAdA pAlAvrA sUA
cAdA gEstO sEU mE
hIpnOtIzAvA.
nAqUElE dIA
EscrEvI nO chÃO dA rUA
qUE lhE OdIAvA
mAs mEntI A mIm mEsmO
nÃO cOnsIgO tE EsqUEcEr
AchO qUE jÁ EsqUEcI
dE EsqUEcEr
vOcê.
II
brAncA, lEvEmEntE tOcAdA pElO sOl,
O prÓprIO sOl, EvItA, nÃO gOstA
prEfErE A lUz dA lUA,
À nOItE pArEcE mIstErIOsA.
cAbElOs nEgrOs, lOngOs, brIlhAntEs
cOm O pAssAr dO tEmpO, mAIs lIndOs
bOchEchAs rÓsEAs, mAcIAs, fElpUdAs.
lÁbIOs fIrmEs, frIOs, AvErmElhAdOs.
dEssEs lÁbIOs EscUtO pAlAvrAs
qUE sUAvEmEntE EstÃO mE tOcAndO
mÃOs frIAs, fEIAs AtÉ, sÃO Um gElO.
E nÃO sUpOrtA qUE lhE tOqUEm O cAbElO.
EU nÃO tE AbrAçO, EU nÃO EncOstO
sOU sUspEItO Em dIzEr O qUE pEnsO
A rEspEItO, pOIs AIndA A AmO
E nEm sEI O qUE EstÁs A pEnsAr
sÓ qUErO dIzEr qUE fAçO qUEstÃO,
nÃO sÓ fAçO qUEstÃO, cOmO ExIjO:
AqUElE sOrrIsO...
Oh, AqUElE sOrrIsO!
EspErO qUE nUncA sE ApAgUE,
É pOr ElE qUE vIvO,
É pOr ElE qUE mE InspIrO.
sE prA tEr sEU sOrrIsO
qUIsErEs sOrrIr dA mInhA mOrtE:
EstOU AqUI, cOrtO mEUs pUlsOs,
fUrO mEU cOrAçÃO,
rAsgO mEU pEItO.
mOrrO.
pOr sEU sOrrIsO.
sEvErIAnO
rOçO mInhA lÍngUA
nA tUA lÍngUA, pOrtUgUEsA
qUErEndO qUE trEmA qÜInqÜÊnIOs
A tEz dUm mAchAdO AssIm nEgrO
cOrtAndO pÁgInAs mAl EscrItAs
rOçO mInhA lÍngUA
nA tUA lÍngUA, ItAlIAnA
sOrvO sUA sAlIvA dAntEscA
bEIjO tEU cOrpO nErO Em nÁpOlEs
AntIcA dE tErrAs dAqUI-dIstAntEs
rOçO mInhA lÍngUA
nA tUA lÍngUA, EspAnhOlA
sOU O tEU cErvO qUE AntEs
pUdErA tEr sInA qUIxOtEscA,
mAs cOm gAnA dE sEr cAlIEntE
rOçO mInhA lÍngUA
nA tUA lÍngUA, frAncEsA
gOstO dE chÁ sOrvIdO nA tOrrE
bAbEscA dE OndE OlhO prOUstrAdO
E AmAssO tUA pErnA mEIO mIgnOn
rOçO mInhA lÍngUA
nA tUA lÍngUA lAtInA !
sEvErIAnO
nA tUA lÍngUA, pOrtUgUEsA
qUErEndO qUE trEmA qÜInqÜÊnIOs
A tEz dUm mAchAdO AssIm nEgrO
cOrtAndO pÁgInAs mAl EscrItAs
rOçO mInhA lÍngUA
nA tUA lÍngUA, ItAlIAnA
sOrvO sUA sAlIvA dAntEscA
bEIjO tEU cOrpO nErO Em nÁpOlEs
AntIcA dE tErrAs dAqUI-dIstAntEs
rOçO mInhA lÍngUA
nA tUA lÍngUA, EspAnhOlA
sOU O tEU cErvO qUE AntEs
pUdErA tEr sInA qUIxOtEscA,
mAs cOm gAnA dE sEr cAlIEntE
rOçO mInhA lÍngUA
nA tUA lÍngUA, frAncEsA
gOstO dE chÁ sOrvIdO nA tOrrE
bAbEscA dE OndE OlhO prOUstrAdO
E AmAssO tUA pErnA mEIO mIgnOn
rOçO mInhA lÍngUA
nA tUA lÍngUA lAtInA !
sEvErIAnO
pErmItAm-mE
fAlAr dE tOdOs AssUntOs AO mEsmO tEmpO
E AO mEsmO tEmpO dE nEnhUm, nAdA
cOnsEqüêncIA dA AbsUrdA mOdErnIdAdE
dE InfOrmAçÃO mIl E fOrmAçÃO zErO
nUmA vElOcIdAdE vIrIl sEm EsmErO
qUEr A fErOcIdAdE dE EspAçOs IgnOtOs
vAmOs cOmO’gAdO nAs cErtEzAs AlhEIAs
EngOlIndO A cOcA-cOlA nO nOssO jOrnAlIsmO
cOmEndO bUndAs-cOxAs-pEItOs dUmA nOvElA qUAlqUEr
AcEItAndO nA nOssA mEsA O lIxO UrbAnO glObAl
mEntIrAs fútEIs dE Um mUndO mOrtO E bAnAl
..................................................mOrtO E bAnAl
..................................................mOrtO E bAnAl
sEvErIAnO
fAlAr dE tOdOs AssUntOs AO mEsmO tEmpO
E AO mEsmO tEmpO dE nEnhUm, nAdA
cOnsEqüêncIA dA AbsUrdA mOdErnIdAdE
dE InfOrmAçÃO mIl E fOrmAçÃO zErO
nUmA vElOcIdAdE vIrIl sEm EsmErO
qUEr A fErOcIdAdE dE EspAçOs IgnOtOs
vAmOs cOmO’gAdO nAs cErtEzAs AlhEIAs
EngOlIndO A cOcA-cOlA nO nOssO jOrnAlIsmO
cOmEndO bUndAs-cOxAs-pEItOs dUmA nOvElA qUAlqUEr
AcEItAndO nA nOssA mEsA O lIxO UrbAnO glObAl
mEntIrAs fútEIs dE Um mUndO mOrtO E bAnAl
..................................................mOrtO E bAnAl
..................................................mOrtO E bAnAl
sEvErIAnO
Ela vem como se fosse um rastilho de luar
tem a força do trovão no aguaceiro de janeiro
é bruta como o rio Paranaíba na corredeira em bico nas Gerais
Se a calorança de verão da terra tombada faz
empoeirar a visão do galope na terrarada...
nem isso, é mais forte que minha luta de homem,
que meu pranto de suor na peleja de muita lida
Na raça de peneirar diamante o destino de felicidade
ao que me move na insistencia dessa revolucao
que tem as armas da letra em meio a gratidao
se de farta presença em novas vidas refaz
ninguém me perde mais que o destino
que nem nele me acho em busca plena
se revoada de canarinho é cantiga de amanhece
na escuridão o curiango alumia nos farol de sua visada
as muitas noites de ida e vinda , partida e chegada
é minha gente vai amadurecendo a fruta no pé de jambo
de marelinha ela ja está
tao logo se verá rasgada pelo sabiá
e deixará semente voltar a vida do seio que a pariu criação
eh meu primeiro poema de chegada
ao lugar nenhum de minha esperança
ao lugar amigo de remanço de muitos braços
que nem bateção de pasto quando eh coletivada
Se se houve minha cantoria
na gaita triste sabe logo !!!
é minha chegada.
do companheiro neo-poeta Flander de Almeida Calixto, remando nossa mineirice...
tem a força do trovão no aguaceiro de janeiro
é bruta como o rio Paranaíba na corredeira em bico nas Gerais
Se a calorança de verão da terra tombada faz
empoeirar a visão do galope na terrarada...
nem isso, é mais forte que minha luta de homem,
que meu pranto de suor na peleja de muita lida
Na raça de peneirar diamante o destino de felicidade
ao que me move na insistencia dessa revolucao
que tem as armas da letra em meio a gratidao
se de farta presença em novas vidas refaz
ninguém me perde mais que o destino
que nem nele me acho em busca plena
se revoada de canarinho é cantiga de amanhece
na escuridão o curiango alumia nos farol de sua visada
as muitas noites de ida e vinda , partida e chegada
é minha gente vai amadurecendo a fruta no pé de jambo
de marelinha ela ja está
tao logo se verá rasgada pelo sabiá
e deixará semente voltar a vida do seio que a pariu criação
eh meu primeiro poema de chegada
ao lugar nenhum de minha esperança
ao lugar amigo de remanço de muitos braços
que nem bateção de pasto quando eh coletivada
Se se houve minha cantoria
na gaita triste sabe logo !!!
é minha chegada.
do companheiro neo-poeta Flander de Almeida Calixto, remando nossa mineirice...
Refletiu a luz divina
Em todo seu esplendor
É do reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que vem lá de Aruanda
Para tudo iluminar
Umbanda é paz e amor
Um mundo cheio de luz
É força que nos dá vida
E à grandeza nos conduz
Avante, filhos de fé
Com a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá
Hino da Umbanda
Em todo seu esplendor
É do reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que vem lá de Aruanda
Para tudo iluminar
Umbanda é paz e amor
Um mundo cheio de luz
É força que nos dá vida
E à grandeza nos conduz
Avante, filhos de fé
Com a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá
Hino da Umbanda
Um dIA nA EscOlA, mE dIssErAm:
“prEtO!”
EU nÃO mE vIrEI E fUI EmbOrA.
Um dIA, nA tv, mE dIssErAm:
“mOrEnO!”
EU OlhEI, mAs nÃO ErA cOmIgO.
Um dIA, nA rUA, mE dIssErAm:
“nEgrO!”
sAí cOrrEndO E mE prEndErAm.
Um dIA, nO trAbAlhO, mE dIssErAm:
“pArdO!”
vIrEI, mAs ErA Um InImIgO.
Um dIA, dEpOIs dE vElhO, mE dIssE:
“nEgrO!”
E mE rEcOnhEcI lIndO nO EspElhO...
“nEgrO!”
sEvErIAnO
“prEtO!”
EU nÃO mE vIrEI E fUI EmbOrA.
Um dIA, nA tv, mE dIssErAm:
“mOrEnO!”
EU OlhEI, mAs nÃO ErA cOmIgO.
Um dIA, nA rUA, mE dIssErAm:
“nEgrO!”
sAí cOrrEndO E mE prEndErAm.
Um dIA, nO trAbAlhO, mE dIssErAm:
“pArdO!”
vIrEI, mAs ErA Um InImIgO.
Um dIA, dEpOIs dE vElhO, mE dIssE:
“nEgrO!”
E mE rEcOnhEcI lIndO nO EspElhO...
“nEgrO!”
sEvErIAnO
qUErO tElEfOnAr-tE AgOrA
E OUvIr tUA vOz, dE mAnsInhO,
dIzEr Os mAIs dOcEs pAlAvrÕEs
nUm tEmpO InfInItO qUE sAIbA
cAlAr AngústIAs bEm cUrAdAs
sEm sAbEr O qUE lhE AflOrA
nEstEs dIAs sEm mEU cArInhO
tUA vOz É O mElhOr dOs sOns
pEnEtrA A AlmA, sEIvA dE vIdA
cAlA O pAssAdO qUE tE cAstIgA
O tElEfOnE tOcA nEstA hOrA
OndE O sIlÊncIO nUm zUnIdO
É IntErrOmpIdO pElA pAIxÃO
qUE vOA O mUndO nAs AsAs
dUm pÁssArO qUE jAmAIs pÁrA
sEvErIAnO
E OUvIr tUA vOz, dE mAnsInhO,
dIzEr Os mAIs dOcEs pAlAvrÕEs
nUm tEmpO InfInItO qUE sAIbA
cAlAr AngústIAs bEm cUrAdAs
sEm sAbEr O qUE lhE AflOrA
nEstEs dIAs sEm mEU cArInhO
tUA vOz É O mElhOr dOs sOns
pEnEtrA A AlmA, sEIvA dE vIdA
cAlA O pAssAdO qUE tE cAstIgA
O tElEfOnE tOcA nEstA hOrA
OndE O sIlÊncIO nUm zUnIdO
É IntErrOmpIdO pElA pAIxÃO
qUE vOA O mUndO nAs AsAs
dUm pÁssArO qUE jAmAIs pÁrA
sEvErIAnO
AgOstO: 207 AnOs dA rEvOltA dOs bÚzIOs-bAhIA: dE 12 A 25 dE AgOstO dE 1798
Em Salvador, apareceram panfletos com uma propaganda para fazer a República, abolir a escravidão, criar um regime livre com pessoas vivendo em condições de igualdades.
A sociedade baiana, o sistema colonial português prendeu os líderes do movimento, e muitas pessoas entre homens e mulheres. Negros, mestiços, brancos pobres.
Estas pessoas desafiaram com coragem, o poder colonial, o poder local, a monarquia, os senhores de escravos. Foram todos julgados, os brancos foram absolvidos, e os negros e mestiços condenados a morte e a deportação.
Em novembro de 1799, foram executados na praça da Piedade: João de Deus, Lucas Dantas, Luis das Virgens e Manuel Faustino, o Cortejo fúnebre foi pela rua da forca e voltou pela Rua da Cabeça. Seus corpos ficaram expostos no Pelourinho, Terreiro de Jesus, Preguiça e Piedade durante 15 dias como terror político. Seus nomes apagados da história, e a comunidade negra passou a ter medo de pensar em Igualdade.
Em 1985 o Olodum iniciou a luta para contar a história dos heróis da Igualdade no Brasil, descobrimos a carta da igualdade no arquivo histórico, compramos uma das casas em que os heróis da liberdade se reuniam na Rua Gregório de Matos 22, e fizemos passeatas até a Piedade, torneio de futebol, músicas sobre a revolta, seminários, e lutamos bravamente para colocar os bustos dos heróis negros e mestiços na Praça da Piedade.
Agora é hora de lutar de novo, pelos mesmos ideais, por justiça, por igualdade, na mesma sociedade desigual de 1798. Movimento Negro avante. 207 anos depois temos de aprovar os Estatutos da igualdade racial, temos de comemorar os 210 anos de Zumbi protestando contra o Racismo e construindo as alternativas para o Brasil, com os afro-descendentes vivendo em igualdade com os outros brasileiros.
Temos de fazer apenas o que nossos antepassados fizeram em 1798 lutar contra a opressão. O aviso foi dado e cabe a nós fazer cumprir o confronto histórico entre a opressão e a liberdade.
"Aviso ao povo baianense, que está para chegar a hora da nossa liberdade, a hora em que seremos todos iguais" (12 de agosto de 1798)
João Jorge Santos Rodrigues - Presidente do Olodum
2005 - Ano da Escola Criativa Olodum - Educação para igualdade no Brasil
Em Salvador, apareceram panfletos com uma propaganda para fazer a República, abolir a escravidão, criar um regime livre com pessoas vivendo em condições de igualdades.
A sociedade baiana, o sistema colonial português prendeu os líderes do movimento, e muitas pessoas entre homens e mulheres. Negros, mestiços, brancos pobres.
Estas pessoas desafiaram com coragem, o poder colonial, o poder local, a monarquia, os senhores de escravos. Foram todos julgados, os brancos foram absolvidos, e os negros e mestiços condenados a morte e a deportação.
Em novembro de 1799, foram executados na praça da Piedade: João de Deus, Lucas Dantas, Luis das Virgens e Manuel Faustino, o Cortejo fúnebre foi pela rua da forca e voltou pela Rua da Cabeça. Seus corpos ficaram expostos no Pelourinho, Terreiro de Jesus, Preguiça e Piedade durante 15 dias como terror político. Seus nomes apagados da história, e a comunidade negra passou a ter medo de pensar em Igualdade.
Em 1985 o Olodum iniciou a luta para contar a história dos heróis da Igualdade no Brasil, descobrimos a carta da igualdade no arquivo histórico, compramos uma das casas em que os heróis da liberdade se reuniam na Rua Gregório de Matos 22, e fizemos passeatas até a Piedade, torneio de futebol, músicas sobre a revolta, seminários, e lutamos bravamente para colocar os bustos dos heróis negros e mestiços na Praça da Piedade.
Agora é hora de lutar de novo, pelos mesmos ideais, por justiça, por igualdade, na mesma sociedade desigual de 1798. Movimento Negro avante. 207 anos depois temos de aprovar os Estatutos da igualdade racial, temos de comemorar os 210 anos de Zumbi protestando contra o Racismo e construindo as alternativas para o Brasil, com os afro-descendentes vivendo em igualdade com os outros brasileiros.
Temos de fazer apenas o que nossos antepassados fizeram em 1798 lutar contra a opressão. O aviso foi dado e cabe a nós fazer cumprir o confronto histórico entre a opressão e a liberdade.
"Aviso ao povo baianense, que está para chegar a hora da nossa liberdade, a hora em que seremos todos iguais" (12 de agosto de 1798)
João Jorge Santos Rodrigues - Presidente do Olodum
2005 - Ano da Escola Criativa Olodum - Educação para igualdade no Brasil
tErrOr, fAcE qUE nÃO sE mOstrA
nA InsEnsAtEz dE dOgmAs UnÍvOcOs-
EqUÍvOcOs dA dEsIgUAldAdE hUmAnA
sObrEpOstOs nO EspAçO dE dEUsEs dEscrEntEs
hOrrOr, rOstO qUE sE mOstrA
nAs rUAs dE bOgOtÁ OU sÃO pAUlO
mAs nÃO sE vÊ O qUE Os OlhOs EnxErgAm,
Os númErOs AvIsAm E A pOlÍcIA nÃO crÊ
OrA O tErrOr,
dOEnçA pObrE dE EnfErmO bUrgUÊs
sOb O cÉU dE ny E nO rUbrO chÃO lOndrInO
EclOdEm O mEdO A AmArgUrA E A mOrtE
dE ImpÉrIOs mAl rEsOlvIdOs dE sUAs cOlônIAs
AfrIcAnAs, lAtInAmErIcAnAs, InUmAnAs
nUm hOrrOr cOnstrUÍdO A sAngUE, OUrO E cArvÃO
nAs EsqUInAs sUlAfrIcAnAs dE AngOlA
nA bUrcA qUE rEcObrE A cApItUlAçÃO IslÃ
nO grItO pOrtUgUÊs dE IndO-tImOrEnsEs
Um rEvErsO dE mOEdA qUE nÃO sE jUstIfIcA
nUm mUndO qUE nÃO fAlA A mEsmA lÍngUA
mAs dEnOtA O sUbUmAnO pOdEr AnglO OcIdEntAl
sEvErIAnO
nA InsEnsAtEz dE dOgmAs UnÍvOcOs-
EqUÍvOcOs dA dEsIgUAldAdE hUmAnA
sObrEpOstOs nO EspAçO dE dEUsEs dEscrEntEs
hOrrOr, rOstO qUE sE mOstrA
nAs rUAs dE bOgOtÁ OU sÃO pAUlO
mAs nÃO sE vÊ O qUE Os OlhOs EnxErgAm,
Os númErOs AvIsAm E A pOlÍcIA nÃO crÊ
OrA O tErrOr,
dOEnçA pObrE dE EnfErmO bUrgUÊs
sOb O cÉU dE ny E nO rUbrO chÃO lOndrInO
EclOdEm O mEdO A AmArgUrA E A mOrtE
dE ImpÉrIOs mAl rEsOlvIdOs dE sUAs cOlônIAs
AfrIcAnAs, lAtInAmErIcAnAs, InUmAnAs
nUm hOrrOr cOnstrUÍdO A sAngUE, OUrO E cArvÃO
nAs EsqUInAs sUlAfrIcAnAs dE AngOlA
nA bUrcA qUE rEcObrE A cApItUlAçÃO IslÃ
nO grItO pOrtUgUÊs dE IndO-tImOrEnsEs
Um rEvErsO dE mOEdA qUE nÃO sE jUstIfIcA
nUm mUndO qUE nÃO fAlA A mEsmA lÍngUA
mAs dEnOtA O sUbUmAnO pOdEr AnglO OcIdEntAl
sEvErIAnO
cOntO dO mÊs
dE: cUtI - nEgrOs Em cOntOs
BONECA
Nenhuma! Cansou de tanto andar.
Perguntara muito. Ouvira respostas de todo tipo. Algumas vezes reagira às escassas delicadezas de certos balconistas e mesmo às ironias finas.
Em outros momentos fora levado à autocomiseração, depois de ouvir, por exemplo:
Sinto muito!...
Ou:
Queira nos desculpar... A fábrica não fornece, sabe...
Desanimar? Não. Não havia porquê desistir de encontrar o presente de Natal para a filha. Ele estava em plena forma física de seus 33 anos. Além disso, era como se a pequena o conduzisse pelas ruas do centro comercial. Continuar a procura, mesmo pisoteando o cansaço, era uma missão.
Com entusiasmo, entrou na loja seguinte. Cheia! Aguardou pacientemente. Uma mocinha branca, de ar meigo e aspecto subnutrido, indagou?
O senhor já foi atendido?
Não. Por gentileza, eu estou procurando uma boneca...
Temos várias. Olha aqui a Barbie, a Xuxinha...E a loirinha
Foi apanhando diversas bonecas. Colocava-as sobre o balcão, como as escolhesse para si.
Olha que gracinha esta aqui de olhos azuis! É novidade. Chegou ontem e já vendeu quase tudo. Chora, tem chupeta, faz pipi... E essa outra aqui? Não é uma graça?
E levou ao colo a ruivinha de tom amarelado, bem clarinha. Mexeu-lhe os bracinhos e as perninhas, e indagou:
Não gostou de nenhuma?
É que estou procurando uma boneca negra...
Meia hora de espera.
Tem sim! o dono da loja dirigia-se à empregada. Procura melhor, na prateleira de baixo, lá em cima mesmo, perto da pia. A moça subia de novo a escada, depois de sorrir um submisso constrangimento. Desceu mais uma vez, recebeu novas instruções e tornou a sorrir. Em seguida, do alto do mezanino, mostrou o rostinho gorducho, marrom escuro, de uma boneca. Radiante,
a balconista empunhava-a como um troféu. Assim desceu a escada. Mas, descuidando-se nos degraus, despencou-se. Todos se apavoraram. As colegas de trabalho foram em socorro.
Nenhuma fratura. Apenas um susto. O patrão exasperou-se, mas logo conseguiu controlar-se, vermelho como pimenta malagueta.
A loja estava cheia. Foi atender o cliente:
O senhor desculpe a demora e o transtorno. Mas, não foi nada. O importante é que encontramos o produto. Está em falta, sabe... Eles não entregaram. Eu mesmo encomendei na semana passada. Mas o representante disse que a firma está exportando para a África. Está certo, mas aqui também tem freguês que procura que procura, não é? o senhor é brasileiro?
Sim.
Então... O homem engoliu a frase e preparou a nota.
Já na rua, o pai, entre tantos pensamentos, alguns desagradáveis, lembrou da descontração a que fazia jus, depois de suar expectativas naquela manhã de dezembro. Respirou fundo. Contemplou o lindo embrulho de motivações natalinas, em que se destacavam o Papai Noel, crianças louras e muita neve.
Seguiu, os passos lentos, em direção a uma lanchonete.
Vai uma loira gelada aí, chefe? pronunciou o balconista ao vê-lo sentar-se junto ao balcão.
Sorriu, confirmando com um gesto de polegar.
Ao primeiro gole de cerveja, sentiu-se profundamente aliviado e feliz.
dE: cUtI - nEgrOs Em cOntOs
BONECA
Nenhuma! Cansou de tanto andar.
Perguntara muito. Ouvira respostas de todo tipo. Algumas vezes reagira às escassas delicadezas de certos balconistas e mesmo às ironias finas.
Em outros momentos fora levado à autocomiseração, depois de ouvir, por exemplo:
Sinto muito!...
Ou:
Queira nos desculpar... A fábrica não fornece, sabe...
Desanimar? Não. Não havia porquê desistir de encontrar o presente de Natal para a filha. Ele estava em plena forma física de seus 33 anos. Além disso, era como se a pequena o conduzisse pelas ruas do centro comercial. Continuar a procura, mesmo pisoteando o cansaço, era uma missão.
Com entusiasmo, entrou na loja seguinte. Cheia! Aguardou pacientemente. Uma mocinha branca, de ar meigo e aspecto subnutrido, indagou?
O senhor já foi atendido?
Não. Por gentileza, eu estou procurando uma boneca...
Temos várias. Olha aqui a Barbie, a Xuxinha...E a loirinha
Foi apanhando diversas bonecas. Colocava-as sobre o balcão, como as escolhesse para si.
Olha que gracinha esta aqui de olhos azuis! É novidade. Chegou ontem e já vendeu quase tudo. Chora, tem chupeta, faz pipi... E essa outra aqui? Não é uma graça?
E levou ao colo a ruivinha de tom amarelado, bem clarinha. Mexeu-lhe os bracinhos e as perninhas, e indagou:
Não gostou de nenhuma?
É que estou procurando uma boneca negra...
Meia hora de espera.
Tem sim! o dono da loja dirigia-se à empregada. Procura melhor, na prateleira de baixo, lá em cima mesmo, perto da pia. A moça subia de novo a escada, depois de sorrir um submisso constrangimento. Desceu mais uma vez, recebeu novas instruções e tornou a sorrir. Em seguida, do alto do mezanino, mostrou o rostinho gorducho, marrom escuro, de uma boneca. Radiante,
a balconista empunhava-a como um troféu. Assim desceu a escada. Mas, descuidando-se nos degraus, despencou-se. Todos se apavoraram. As colegas de trabalho foram em socorro.
Nenhuma fratura. Apenas um susto. O patrão exasperou-se, mas logo conseguiu controlar-se, vermelho como pimenta malagueta.
A loja estava cheia. Foi atender o cliente:
O senhor desculpe a demora e o transtorno. Mas, não foi nada. O importante é que encontramos o produto. Está em falta, sabe... Eles não entregaram. Eu mesmo encomendei na semana passada. Mas o representante disse que a firma está exportando para a África. Está certo, mas aqui também tem freguês que procura que procura, não é? o senhor é brasileiro?
Sim.
Então... O homem engoliu a frase e preparou a nota.
Já na rua, o pai, entre tantos pensamentos, alguns desagradáveis, lembrou da descontração a que fazia jus, depois de suar expectativas naquela manhã de dezembro. Respirou fundo. Contemplou o lindo embrulho de motivações natalinas, em que se destacavam o Papai Noel, crianças louras e muita neve.
Seguiu, os passos lentos, em direção a uma lanchonete.
Vai uma loira gelada aí, chefe? pronunciou o balconista ao vê-lo sentar-se junto ao balcão.
Sorriu, confirmando com um gesto de polegar.
Ao primeiro gole de cerveja, sentiu-se profundamente aliviado e feliz.
O grAfItE EstAlA E sE qUEbrA,
bOrrAndO A grOssA pOEsIA.
pArO, E qUEbrO mInhA EscrItA,
rEcOmEçO, AgOrA cOm A cAnEtA...
mAs A tIntA jÁ nÃO É A mEsmA
tEm O rIscO frÁgIl E fAlhO.
pArO, cOmO É chAtA A vIdA
E lArgO, pErdI mEU dEstInO.
E ErA Um pOEmA tÃO fEstIvO!
tUdO bEm, nÃO qUErO AcEssórIOs,
O qUE vIEr dE dEntrO rEcItO.
- qUE É IssO, mEnInO? EstÁ lOUcO?
nOvOs ImpEcIlhOs IntErrOmpEm
E cEssAm A vOz qUAsE fAlIdA:
qUEm mAndOU A pOEsIA sEr Um grItO.
sEvErIAnO
bOrrAndO A grOssA pOEsIA.
pArO, E qUEbrO mInhA EscrItA,
rEcOmEçO, AgOrA cOm A cAnEtA...
mAs A tIntA jÁ nÃO É A mEsmA
tEm O rIscO frÁgIl E fAlhO.
pArO, cOmO É chAtA A vIdA
E lArgO, pErdI mEU dEstInO.
E ErA Um pOEmA tÃO fEstIvO!
tUdO bEm, nÃO qUErO AcEssórIOs,
O qUE vIEr dE dEntrO rEcItO.
- qUE É IssO, mEnInO? EstÁ lOUcO?
nOvOs ImpEcIlhOs IntErrOmpEm
E cEssAm A vOz qUAsE fAlIdA:
qUEm mAndOU A pOEsIA sEr Um grItO.
sEvErIAnO
pOEtA E pOEtIsA
prImEIrO tErmO
O pOEtA É O sInÔnImO
dA trIstE trIstEzA.
EscrEvE E OlhA pElA jAnElA,
vê O mUndO cOmO hOmônImO.
fAcEIrAmEntE rAbIscA
E AtIçA As rOdAs dO EntrEtEnImEntO.
¾ As fOlhAs IntEIrIçAs;
tAntO rAbIscO qUE nEm EU mEsmO EntEndO.
sEgUndO tErmO
O pOEtA InsErE tOdA dOr dE Um prAntO,
nUm gOlE IncEssAntE dE lOUcO sUIcÍdIO.
E nÃO AtrEvE-sE A pEnsAr nUm EspAntO
dE sUAs pAlAvrAs qUE sOAm cOmO vÍcIO.
ApEnAs chOrA A dOr EsqUEcIdA dO AmOr
IndA rEnEgAdO qUE O clAmA E O rEjEItA.
sEndO AssIm, tAl mAnEIrA sE dEsfAz fErvOr
dE Um pAssArInhO cAntAndO nA sArjEtA.
tErcEIrO tErmO
pOr qUAl fAvOr cAlArAm
Os pOEtAs dIAntE A ArtE?
sErIAm hOmEns qUE EscAlArAm
O rEInO dIAbólIcO, sEm AlArdE?
sÓ EU sEI qUEm O fOrA...
nUm dEclÍnIO dEsvEndArAm-mE
As sUbIdAs dAs gAngOrrAs
qUE As dEscIdAs ApAzIgUAm-sE
A prOfAnAr pElA vOz cInzA,
qUE Os pOEtAs pErfUmAm Os vErsOs
nUm cIO pArIdO dO InfErnO:
“cOnhEcErAm págInAs sEm lInhAs”.prImEIrO tErmO
O pOEtA É O sInÔnImO
dA trIstE trIstEzA.
EscrEvE E OlhA pElA jAnElA,
vê O mUndO cOmO hOmônImO.
fAcEIrAmEntE rAbIscA
E AtIçA As rOdAs dO EntrEtEnImEntO.
¾ As fOlhAs IntEIrIçAs;
tAntO rAbIscO qUE nEm EU mEsmO EntEndO.
sEgUndO tErmO
O pOEtA InsErE tOdA dOr dE Um prAntO,
nUm gOlE IncEssAntE dE lOUcO sUIcÍdIO.
E nÃO AtrEvE-sE A pEnsAr nUm EspAntO
dE sUAs pAlAvrAs qUE sOAm cOmO vÍcIO.
ApEnAs chOrA A dOr EsqUEcIdA dO AmOr
IndA rEnEgAdO qUE O clAmA E O rEjEItA.
sEndO AssIm, tAl mAnEIrA sE dEsfAz fErvOr
dE Um pAssArInhO cAntAndO nA sArjEtA.
tErcEIrO tErmO
pOr qUAl fAvOr cAlArAm
Os pOEtAs dIAntE A ArtE?
sErIAm hOmEns qUE EscAlArAm
O rEInO dIAbólIcO, sEm AlArdE?
sÓ EU sEI qUEm O fOrA...
nUm dEclÍnIO dEsvEndArAm-mE
As sUbIdAs dAs gAngOrrAs
qUE As dEscIdAs ApAzIgUAm-sE
A prOfAnAr pElA vOz cInzA,
qUE Os pOEtAs pErfUmAm Os vErsOs
nUm cIO pArIdO dO InfErnO:
sEvErIAnO
nÃO É vErdAdE nAdA dAqUIlO
E hÁ pElA nOssA EstrAdA: pEdrAs.
pEdrAs grAndEs, pEqUEnAs qUEdAs.
ApEnAs pEdrAs E mAIs pEdrAs.
É mEntIrA sIm, tUdO AqUIlO
E hÁ pElO cAmInhO: pOEIrA.
pOEIrA E pEdrAs. É sÓ Um vErsO
mAs nÃO EnxErgO nAdA: trOpEçO.
cAIO, lEvAntO, lEvAntO E cAIO.
dE prOpÓsItO mAtO A fOrmIgA.
Ah vIdA dUrA, mElhOr A mOrtE;
trOpEçO E nÃO lEvAntO. nÃO sOU fOrtE.
lEvAntO, vOltO E lEvAntO.
Ops! nEm pOEIrA, sEm pEdrA,
Um vEntO InvAdE A sInA
lEvAndO mInhAs fOrmIgAs.
sEvErIAnO
E hÁ pElA nOssA EstrAdA: pEdrAs.
pEdrAs grAndEs, pEqUEnAs qUEdAs.
ApEnAs pEdrAs E mAIs pEdrAs.
É mEntIrA sIm, tUdO AqUIlO
E hÁ pElO cAmInhO: pOEIrA.
pOEIrA E pEdrAs. É sÓ Um vErsO
mAs nÃO EnxErgO nAdA: trOpEçO.
cAIO, lEvAntO, lEvAntO E cAIO.
dE prOpÓsItO mAtO A fOrmIgA.
Ah vIdA dUrA, mElhOr A mOrtE;
trOpEçO E nÃO lEvAntO. nÃO sOU fOrtE.
lEvAntO, vOltO E lEvAntO.
Ops! nEm pOEIrA, sEm pEdrA,
Um vEntO InvAdE A sInA
lEvAndO mInhAs fOrmIgAs.
sEvErIAnO
sOU Um pOEtA mAldItO,
..................... Um EscArrO.
AqUElE qUE cOmE pOntOs
..................... vÍrgUlAs
..................... E cOspE tOrtO.
mAndArAm-mE cAlAr A pEnA,
..................... A vIdA,
mAs nUm jOrrO dE sAngUE
..................... dEI rEspOstA:
pOrcOs pOdrEs dA bUrgUEsIA,
.................................... sOU OpErÁrIO,
sUbvErtO nUm grItO Um vErsO
.................................... vErmElhO...
.................................... AgOrA jÁ nÃO fAlO
................................................... rImAs-dElEs,
................................................... dAdAs.
.................................... sOU mInhA prÓprIA-
..................................................................... pOEsIA
.................................................................. cOnstrUÍdA
....................................................................... lIvrE
.............................................................. pOEsIA-mUndO.
sEvErIAnO
..................... Um EscArrO.
AqUElE qUE cOmE pOntOs
..................... vÍrgUlAs
..................... E cOspE tOrtO.
mAndArAm-mE cAlAr A pEnA,
..................... A vIdA,
mAs nUm jOrrO dE sAngUE
..................... dEI rEspOstA:
pOrcOs pOdrEs dA bUrgUEsIA,
.................................... sOU OpErÁrIO,
sUbvErtO nUm grItO Um vErsO
.................................... vErmElhO...
.................................... AgOrA jÁ nÃO fAlO
................................................... rImAs-dElEs,
................................................... dAdAs.
.................................... sOU mInhA prÓprIA-
..................................................................... pOEsIA
.................................................................. cOnstrUÍdA
....................................................................... lIvrE
.............................................................. pOEsIA-mUndO.
sEvErIAnO
sUA bOcA, prEtA
é mAIs qUE O céU Em brAsA
dádIvA tênUE dA dElIcAdEzA
dE Um sOnhO qUE dIvAgA
sEUs OlhOs, prEtA
dúbIA EspErAnçA cOntIdA
nA AtmOsfErA dE fElIcIdAdE
OndE rEpOUsA nOssA vIdA
sEU rOstO, prEtA
EmbArAlhA O fIm dO jOgO
E mE trApAcEIA nA chAmA
bEm fEstEIrA dO sEU cOrpO
sEU sOrrIsO, prEtA
jOgO cOntínUO dO mAr
nUncA tErmInA sUA sEndA
qUE Em mIm chAmO AmAr
sEvErIAnO
é mAIs qUE O céU Em brAsA
dádIvA tênUE dA dElIcAdEzA
dE Um sOnhO qUE dIvAgA
sEUs OlhOs, prEtA
dúbIA EspErAnçA cOntIdA
nA AtmOsfErA dE fElIcIdAdE
OndE rEpOUsA nOssA vIdA
sEU rOstO, prEtA
EmbArAlhA O fIm dO jOgO
E mE trApAcEIA nA chAmA
bEm fEstEIrA dO sEU cOrpO
sEU sOrrIsO, prEtA
jOgO cOntínUO dO mAr
nUncA tErmInA sUA sEndA
qUE Em mIm chAmO AmAr
sEvErIAnO
nOs tEUs OlhOs, dE Um vErdE mAr sEm fIm
rEmOntO mEUs sOnhOs
nA brEvIdAdE dA EspErAnçA
qUE sE dEpOsItA Em mIM
A vIdA IlUdE A nAtUrEzA
E dEpÕE, frEntA À IncErtEzA,
mElIndrEs qUE nOs dÃO A gUErrA
E mInhA trIlhA qUIxOtEscA
cOntEmplA O cOlOssO ÀquElA
dE OlhAr mIstO cÉu E tErrA
NOs tEUs OlhOs, dE Um vErdE mAr EnfIm.
sEvErIAnO
rEmOntO mEUs sOnhOs
nA brEvIdAdE dA EspErAnçA
qUE sE dEpOsItA Em mIM
A vIdA IlUdE A nAtUrEzA
E dEpÕE, frEntA À IncErtEzA,
mElIndrEs qUE nOs dÃO A gUErrA
E mInhA trIlhA qUIxOtEscA
cOntEmplA O cOlOssO ÀquElA
dE OlhAr mIstO cÉu E tErrA
NOs tEUs OlhOs, dE Um vErdE mAr EnfIm.
sEvErIAnO
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