RESENHA – GETÚLIO: DOS ANOS DE FORMAÇÃO À CONQUISTA DO PODER (1882-1930) – AUTOR: LIRA NETO

RESENHA – GETÚLIO:  DOS ANOS DE FORMAÇÃO À CONQUISTA DO PODER (1882-1930) – AUTOR: LIRA NETO

de Severiano

Difícil recomendar algo diferente de: leia, mas leia logo! Só assim, pode-se definir o novo livro de Lira Neto, a biografia de Getúlio Vargas (Getúlio: dos anos de formação à conquista do poder (1882-1930), Companhia das Letras, 2012).

Mesmo que você não goste do biografado, Lira Neto traz uma leitura que flui em pequenas idas e vindas na história do personagem. Tudo, absolutamente tudo documentado, com pormenores numa prosa um tanto romanceada em algumas pequenas passagens, mas por isso mesmo, acabou tornando a leitura leve, que corre leve e fagueira.

Em muitos momentos, vive-se o getulismo de uma maneira tão vívida que podemos sentir os momentos tensos de busca pelo poder, que se transmite da prosa ao leitor. Em outros, a lividez e os cuidados com a atmosfera fazem o leitor refletir sobre os porquês de determinadas ações que culminam no Brasil atual.

Sair direto do poder, no centro do Rio de Janeiro, Capital Federal, em 1931 e irmos nos embrenhando na infância, juventude e adultez de um ser complexo como Getúlio é obra para ser escrita por quem domina não só o biografado, mas os contornos que constroem o getulismo. Neste caminho, Lira Neto vai levando o leitor num carrear que ora faz sofrer, ora faz não crer, mas que se percebe as muitas nuances de uma personagem dura desde sempre.

Este é somente o primeiro volume de uma série de três, mas que, apesar de ser o biografado único, vê-se que os volumes falam por si, respondem em suas trajetórias um começo, meio e fim, que parecem se tornar independentes. Sendo assim, dá pra dizer que temos uma biografia, não dividida em três partes, mas uma tribiografia.


Desta vez, a Companhia das Letras acertou em cheio, em todos os aspectos: tem um livro digno de ser observado, cuidou muito bem da sua composição, sem erros ortográficos (como tem sido comum a muitas editoras em grandes tiragens), capa e contracapa bem feitas, fotos com todas as fontes, notas cuidadas, índice remissivo integrado. Talvez um prefácio de um historiador pudesse fazer um contraponto importante, mas mesmo assim fica difícil tecer críticas negativas a este trabalho, que de orelha a orelha faz-nos compreender a tônica de poder que constituiu anos inicias da República e que, desta forma, ainda hoje são marcantes, porque atualíssimas.

Leia, mas leia logo!


sEvErIAnO

A r q u I v O s